E agora?
As equipes de marqueteiros e estrategistas de campanha dos candidatos Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) estão de cabelo em pé, diante dos números da pesquisa de intenções de votos que coloca Marina Silva (PSB) num virtual segundo turno com a atual presidente. É que os dois grupos já haviam traçado toda a estratégia de mensagens e propaganda política, com base num cenário em que Eduardo Campos e Marina seriam a terceira força que ambos tentariam seduzir num virtual segundo turno. Agora, é uma força a ser combatida.
Vítima?
O problema é que, fortalecida pelo apoio dos eleitores, tocados por um sentimento de comoção nacional, Marina Silva tornou-se uma espécie de ungida, agraciada pelo milagre de ter desistido de embarcar no avião e em quem todas as fichas foram apostadas. Mas nas duas campanhas adversárias já existe o pensamento comum de que tudo isso vai passar e que, em três semanas, esse sentimento de comoção terá passado. Daí em diante, os golpes podem ser até abaixo da cintura.
O novo vice
Catapultada à cabeça de chapa, Marina Silva, que entrou para o PSB com data marcada para sair, ganhou como companheiro de disputa o deputado federal Beto Albuquerque (RS). Na avaliação do cientista político Thiago de Aragão, o nome do deputado leva para a chapa um discurso que Marina não tem: o do agronegócio. O desafio dos marqueteiros do partido é conciliar o discurso ambientalista da candidata, com a defesa dos agropecuaristas, feita pelo candidato.
Do contra
Tem gente apostando exatamente nesta dificuldade como o calcanhar de Aquiles de Marina Silva. Dentro do próprio PSB há quem tenha sérias dúvidas de que o casamento vai dar certo. Ainda assim, Beto Albuquerque foi nome consenso, por ser uma figura histórica e tradicional da legenda.
E a viúva?
Embora não tenha sido lançada vice de Marina, a viúva de Eduardo Campos, Renata Campos, terá papel decisivo nesta campanha, segundo uma fonte do PSB, que pediu anonimato. O partido avaliou que neste momento ela precisa se dedicar aos filhos, mas será usada pela campanha para sinalizar e reforçar o discurso do marido.
Mercado assustado
A mexida no cenário eleitoral, causada pela morte de Campos assustou não só os partidos, mas também as grandes corporações financeiras. Segundo o cientista político Thiago de Aragão, diretor do núcleo de políticas estratégicas da Arko Advice, todos os grandes grupos que atuam no Brasil querem entender claramente o que pode acontecer de agora em diante, para nortear as ações que desenvolverão nos próximos meses e anos. A Arko Advice é uma das principais empresas de consultorias do país e tem, entre os clientes, as maiores empresas do mundo, que atuam no Brasil.
Seis a um
Dorme na gaveta do Supremo Tribunal Federal o processo que pode colocar fim às doações de empresas para financiar as eleições. A votação já estava em seis a um, pela proibição, quando foi feito o pedido de vista. O assunto só deve ser retomado depois das eleições, quando a presidente Dilma Rousseff indicará o sucessor do ex-ministro Joaquim Barbosa, que se aposentou.
CPI da Petrobrás
Há quem jure que não é jogo de cena, mas os integrantes da CPI da Petrobrás garantem que os trabalhos continuam em ritmo normal, durante o recesso branco no Congresso Nacional. A Casa está vazia.
Custo do voto
Além de defesa da democracia, o Tribunal Superior Eleitoral tem mais um motivo para tentar convencer os eleitores a comparecerem para votar, no dia da eleição: o custo do processo. A despesa estimada é de R$ 3,50, por eleitor. O valor é semelhante à multa que é cobrada de quem deixar de cumprir com a obrigação em outubro.
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