Foi medo
Foi por tentar ganhar a simpatia dos empresários e investidores que a presidente Dilma Rousseff anunciou que o ministro da Fazenda Guido Mantega não integrará a equipe de um virtual segundo mandato dela. Mantega vem sendo fritado há tempos, conforme já antecipado aqui, nesta coluna. Nem entre colegas de ministério ele tem a aprovação, mas sempre foi mantido no cargo, segundo um dirigente do PT, por causa da imensa capacidade de dizer sim a todos os desejos de Dilma Rousseff. Mas a situação chegou ao insustentável nas últimas semanas.
Elegância
Justificar a saída como um pedido pessoal de Mantega foi a maneira elegante encontrada pela presidente. Dilma já teria se arrependido de não ter alegado um problema de saúde na família do ministro para adotar a medida, tempos atrás, quando teve chance. Pedidos de aliados nunca faltaram.
Recomendação
A saída de Mantega foi apenas uma, das inúmeras decisões tomadas por Dilma Rousseff, para tentar garantir um segundo mandato. As demais são fruto de uma reunião com todos os caciques do PT, em São Paulo, na sexta-feira. Dirigentes do PT, figuras históricas do partido, a equipe de assessores e marqueteiros, todos capitaneados pelo ex-presidente Lula, fizeram uma lavação de roupa suja e uma análise de como impulsionar a candidatura de Dilma e enfrentar a ex-companheira Marina Silva (PSB).
Decisões
Ficou acertado que o PT vai continuar atacando Marina Silva, sem dó nem piedade. Até então, os ataques eram feitos por petistas e não diretamente pela candidatura. Dilma Rousseff foi instruída a não perder oportunidades de fazer comparações, destacando os pontos fracos da adversária, em contraponto ao programa de governo para o segundo mandato. Outra decisão é fazer comparações entre o Brasil antes e depois do PT. Em bom português: o partido que já vendeu esperança, vai vender medo de mudança.
Salvem Padilha
Além do medo da derrota de Dilma, o temor que estava confinado ao PT paulista e se espalhou na executiva nacional foi o de queimar o candidato ao governo de SP, Alexandre Padilha. O ex-ministro da Saúde é uma das grandes apostas de renovação de quadros e lideranças do partido. Mas nada faz o ex-pupilo de Lula decolar nas pesquisas. A única coisa que Padilha lidera é o ranking de candidatos que menos arrecadam e mais gastam. Em determinado momento, Lula teria manifestado desejo de largar a mão de Padilha e apoiar o empresário Paulo Skaff, mas recebeu um puxão de orelhas do colega e fez o que sempre faz: atuou fortemente como soldado da legenda que ajudou a fundar.
Risco de encolher
A queda do candidato Aécio Neves nas pesquisas de intenções de votos coloca em risco o futuro do PSDB. A avaliação é o PhD em Ciência Política pela universidade de Chicago (USA), o cientista político Alexandre Barros. Consultor de empresas e veículos de comunicação internacionais, Barros disse que diante do pífio desempenho e do desejo de Aécio voltar a disputar o governo de Minas, para garantir a própria sobrevivência, coloca o ninho tucano sob a ameaça de minguar, nos mesmos moldes do que aconteceu com o Democratas. Aécio é, no momento, a principal estrela tucana e já teria avisado que não vai disputar o Palácio do Planalto em 2018, com ou sem Lula na corrida presidencial.
Risco ao PT
Mas o PT também corre risco, segundo o professor. Neste caso, após 12 ou 16 anos de governo, caso Dilma seja reeleita, o desgaste natural poderá elevar a rejeição ao PT a níveis irrecuperáveis.
Em tempo
Nas consultorias que dá às empresas e veículos estrangeiros, Alexandre Barros diz que as perguntas que mais ouve dizem respeito à corrupção e aos escândalos políticos no Brasil. E é difícil explicar aos gringos o porquê de os assuntos preocuparem tanto os investidores e tão pouco ao eleitor, que não se envolve na discussão. Eles não entendem.
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