Pressionada pelos resultados das investigações da operação lava-jato da Polícia Federal, que apura um desvio bilionário na Petrobrás, e com a popularidade abalada, a presidente Dilma Rousseff montou uma operação salvamento, que vai atuar em duas frentes: junto à população -para melhorar a imagem do governo- e junto aos parlamentares no Congresso, para garantir a aprovação de projetos de interesse do Planalto e a chamada governabilidade. Junto à população, a ideia é investir em agenda positiva e viagens políticas. Começou pela Bahia, na quarta-feira.
Operação salvamento 2
A segunda estratégia – melhorar a relação com o Congresso – é a que mais preocupa o governo, por ser mais delicada e por isso exigirá mais cautela. O problema é maior na Câmara e não foi à toa que a presidente escolheu o deputado federal José Guimarães (PT-CE) para ser o novo líder do Governo na Casa. De imediato, José Guimarães disse ter exigido e a presidente concordou em nomear dez vice-líderes de governo. Ano passado a presidente não nomeou nenhum e acabou sobrando para o ex-líder interino Henrique Fontana (leia nesta página).
Vão ter de atender
José Guimarães é um dos parlamentares mais influentes do Congresso. Irmão do ex-
deputado José Genoíno, ele admitiu a este jornalista que terá de fazer um trabalho intenso, que denominou como de “consertação” das relações entre a presidente e os deputados da base aliada. Para isso, acertou com a presidente Dilma Rousseff uma estratégia para atender à principal reclamação dos deputados: eles raramente são atendidos por ministros e, quando são, isso acontece superficialmente ou em corredores, em pé. Dilma Rousseff já deu a ordem e a partir da semana que vem os ministros serão obrigados a receber deputados da base, servir água gelada e café fresquinho, ouvir os pedidos e atendê-los.
E não é só isso
Além de terem de atender aos deputados, os ministros estão sendo escalados para ir ao Congresso conversar com os deputados. Ficou acertado que toda quarta-feira um ministro terá de atravessar a Esplanada até a Câmara para atender parlamentares. Começou com o ministro da Educação, Cid Gomes, que ouviu o apelo de mais de 100 e ficou na Casa até a meia-noite de terça para quarta-feira.
Tem explicação
A estratégia do governo em abrir espaço para os deputados serem atendidos pelos ministros tem uma razão de ser. Com a aprovação do orçamento impositivo, que obriga o governo a liberar o dinheiro das emendas parlamentares, o Planalto perde a moeda de troca e entra em campo a negociação “amigável”. Até a presidente Dilma Rousseff já avisou que vai mudar de postura. Terá reuniões semanais com os líderes da base aliada. A da semana que vem está marcada para terça-feira.
E o Temer?
Enquanto as esperanças de melhoria das relações com os deputados recaem sobre os ombros do novo líder do governo, uma fonte do Palácio do Planalto informou que o vice-presidente Michel Temer está com muita vontade de colaborar para melhoria das relações com o PMDB. O problema, segundo a fonte, é que Temer não é demandado. A mesma fonte admitiu que a presidente entendeu que a declaração do vice-presidente ,de que o governo pode perder o PMDB, foi mais que uma ameaça.
E o Fontana?
E não é que a atuação do ex-líder de governo, Henrique Fontana, vem sendo apontada por alguns setores do PT como um dos motivos para a degradação da bancada governista e até pela derrota do partido na disputa pela presidência da Câmara? Fontana e o presidente eleito, Eduardo Cunha (PMDB) mal se falam.
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