Principal crime
Durante a operação Choque, em parceria com a Polícia Federal, para apurar a existência de uma organização criminosa na Eletronorte, um membro do Ministério Público Federal confidenciou que a instituição está cada dia mais convencida de que o crime mais comum cometido em Brasília é o tráfico de influência. É por meio desse procedimento que contratos superfaturados são aprovados e a propina acaba sendo repassada aos que conseguem abrir os caminhos para as empresas junto ao governo por meio de “consultorias”. Muitas sequer chegam a ser simuladas.
Para entender
A Operação Choque é apenas a mais recente. Outras estão por vir. Mas uma coisa precisa ficar clara, em toda essa onda de escândalos: o trabalho de investigação está trazendo tudo à tona. É o preço a pagar pelo fim da inocência, pelo fim da sensação de que “estava tudo bem”. Opinião exclusivamente deste colunista e não necessariamente do veículo que publica a coluna.
Pânico
Causou pânico no PT e no governo a prisão do tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, na manhã da quarta-feira. Líderes do partido acreditavam que Vaccari sangraria até ser desligado das funções e da legenda. A avaliação é que o acontecimento leva ainda mais a crise para a rampa do Palácio.
Dilma acuada
Pressionada pelas ruas e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff mais que baixou. Ela está um tanto acuada e se vendo obrigada a fazer concessões. A avaliação é de um parlamentar histórico do PT que esteve em recente reunião no Palácio do Planalto e revelou que a presidente sentiu o golpe da rejeição e do isolamento que vem sendo imposto pelo PT, mas sabe que a única saída é passar a negociar mais, em busca de apoio.
Não deram a real
Apesar da pressão, um dos motivos que mais contribuíram para a retração da presidente Dilma Rousseff foi a constatação de uma situação quer havia sido tratada aqui nesta coluna há cerca de um ano: no ápice do primeiro mandato, ministros e assessores mais diretos da presidente se sentiam acuados e evitavam tratar de assuntos negativos com Dilma. Ao passar dados de projetos e de ministérios, muitos enfocavam apenas o lado positivo, temendo uma reação muito enérgica da chefe do Executivo federal. Os primeiros números mais reais teriam sido passados ainda durante a campanha, mas a presidente não imaginava aonde a coisa poderia chegar, segundo um assessor do Palácio.
Por isso o Temer
Chamar o presidente Michel Temer para cuidar das relações institucionais, mais do que um pedido de socorro, foi uma forma de dar o braço a torcer, segundo o assessor, que pediu para ter a identidade preservada.
Primeiros efeitos
Um dos primeiros efeitos da entrada de Michel Temer para cuidar das relações internacionais foi o anúncio extraoficial de uma recuada do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Também pressionado pela repercussão negativa do projeto da terceirização, Cunha sentiu o peso do desgaste. Com aguçado instinto de sobrevivência, vai aproveitar o momento para se mostrar um aliado do Palácio e um apoio importante para Temer. Mas o vice-presidente sabe que Cunha é fogo amigo.
Lula descontente
O senador (ainda) petista Paulo Paim (RS) disse ter recebido o apoio do ex-presidente Lula, diante das reclamações de que não consegue ser recebido no Palácio do Planalto, que vem perdendo espaço no PT e que sente que o atual governo enganou os eleitores ao adotar as medidas de ajuste fiscal que ferem conquistas trabalhistas. Paim disse que o ex-presidente compartilha do mesmo sentimento e vem fazendo pressão para que o governo desista da ideia.
Paim descontente
Paulo Paim vem se desentendendo com o governo e o PT desde as eleições do ano passado e já anunciou que pode deixar o partido a qualquer momento. Segundo o senador, o PT trocou de bandeiras e se afastou dos pilares iniciais da legenda, mas disse acreditar que toda essa crise e a atual satanização da legenda pode fazer que o que os petistas históricos refundem o partido.
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