Desgaste de Aécio
Não está fácil a vida do senador Aécio Neves (PSDB-MG) dentro do próprio partido. Acuado, o neto de Tancredo Neves vem sofrendo ataques de todos os lados, dentro do PSDB, e já vê como incerta a recondução dele, para o comando da legenda, na convenção de julho. O principal foco de resistência vem justamente do berço do tucanato: São Paulo, onde os correligionários estão mais insatisfeitos com o senador, de quem se esperava uma atuação mais vigorosa no Congresso, depois de ter disputado o segundo turno da campanha presidencial na última eleição.
Faltou agenda
Sem agenda positiva, o nome de Aécio Neves vem definhando entre os colegas. A avaliação entre os parlamentares é de que imprensa enxerga muito mais Aécio como nome da oposição do que os colegas. O mineiro, segundo um senador tucano, perdeu a força, o brilho e o vigor. Justamente por isso, já está cristalizada uma situação que havia sido apontada como possibilidade aqui, nesta coluna, no início do ano: a de que Aécio Neves e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, acabariam batendo de frente, na disputa por espaço, na tentativa de serem lançados candidatos a presidente em 2018.
Preferem Alckmin
Na preferência dos tucanos, segundo um parlamentar, Geraldo Alckmin já tem larga vantagem, embora seja reconhecido o recall do nome de Aécio Neves, junto ao eleitorado. Nada que o tempo não corrija, segundo um tucano da alta cúpula paulista. De certo é que Geraldo Alcmin saiu na frente e apresentou seis sugestões de mudanças para a comissão que estrutura um documento que estabelece um novo pacto federativo, com redefinição das responsabilidades da União, estados e municípios.
Batalhas perdidas
O desgaste de Aécio Neves entre os tucanos pode ser medido externamente pelos confrontos públicos de opinião. O mais notório é justamente entre ele e Alckmin. Aécio foi taxativo no Senado, ao defender o fim da reeleição, defendida e implantada no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso. Reeleito duas vezes, Alckmin rebateu o senador nos jornais. “Como você explica que há 18 anos apoiou a reeleição e agora, sem que o assunto estivesse na ordem do dia, você acaba com ela”? declarou o ex-deputado. Aécio também ficou sozinho na defesa do impeachment da presidente Dilma Rousseff e viu os próprios colegas se insurgirem contra o posicionamento dele, que defende a redução da maioridade penal.
Gripe tucana
E por falar em PSDB, o vírus da gripe vem fazendo estragos entre os parlamentares tucanos no Senado. José Serra (SP) e Álvaro Dias (PR) chegaram a se afastar dos trabalhos por causa da doença, que também afetou Tasso Jereissati (CE) e Cássio Cunha Lima (PB). Nos gabinetes o estrago também foi grande. Muitos servidores adoeceram e não compareceram aos trabalhos. Ataídes Oliveira (TO) e Flexa Ribeiro (PA) já estão melhores. Os carpetes antigos do Senado e a falta de ventilação do prédio contribuem para o problema. Aliás, a falta de ventilação é uma característica comum nas obras de Oscar Niemeyer, que projetou o Congresso e os monumentos, na Brasília desenhada pelo urbanista Lúcio Costa.
Desmando em Brasília
A situação do novo governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg, não é das melhores. Depois de assumir o cargo, jogar toda a culpa no ex-governador Agnelo Queiroz (PT) pelos atrasos em obras e serviços, pelo caos na saúde e uma onda de violência que assola o DF, Rollemberg começa a perder o fôlego e sofrer um desgaste de imagem e esvaziamento de poder. A mais recente, e talvez a maior prova disso, foi a greve dos motoristas e cobradores que fazem o transporte urbano de passageiros. Nenhum ônibus saiu da garagem durante o movimento. Cerca de um milhão depessoas por dia ficaram sem ter como ir e voltar do trabalho ou da escola. O governo não conseguiu fazer cumprir a regra de um percentual mínimo de carros em circulação.
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