Chuva do descaso público
Período chuvoso sempre será uma bênção de Deus, como nos ensinavam os mais antigos. E não há por que reclamar da quantidade de água e dos estragos provocados por ela. Ser humano e natureza continuarão protagonizando a batalha da ação e reação até que uma das partes, literalmente, engula a outra. Enquanto o desfecho trágico não acontece, resta aos pobres mortais aplaudir a ultra limpeza provocada pelas chuvas nas obras públicas, porcamente construídas com o suado dinheiro do contribuinte.
Não se trata do quanto pior, melhor. Mas sim da verdadeira face da falta de compromisso das autoridades com recursos federais, estaduais e municipais. O asfalto sonrisal está por toda parte: nas BR’s, GO’s e vias urbanas. São gastos milionários para recuperar obras públicas recentes que deveriam durar, na prática, entre 5 e 10 anos, no mínimo. Entra ano, sai ano e apenas uma alternativa é apresentada por aqueles que se apresentam como especialistas na área da engenharia: operação tapa-buracos.
Problemas de sempre
Nenhuma medida concreta é tomada para amenizar o sofrimento dos motoristas. Em questão de dias o Dnit de Dilma Rousseff irá anunciar intervenções nas BR’s 153 (trecho não duplicado) e 452, entre Itumbiara e Rio Verde, rodovias de grande fluxo e marcadas por remendos. A Agetop de Marconi Perillo já anunciou que serão necessários R$ 80 milhões apenas para realizar a manutenção de GO’s em todas as regiões do Estado. O feriado prolongado de Finados já esboçou um retrato da realidade com centenas de reclamações de motoristas que passaram por Caldas Novas.
E o que dizer da qualidade da pavimentação asfáltica em municípios como Goiânia, Aparecida, Trindade, Senador Canedo e Anápolis, para ficar em apenas cinco exemplos. Já estão literalmente esfarinhando com as primeiras chuvas. As justificativas são sempre as mesmas: malha viária antiga, tubulação inadequada para suportar o volume de água, boca-de-lobo entupida, falha no projeto técnico, intervenções equivocadas de gestões anteriores e por aí vai.
Inadimplência só aumenta
O contribuinte está cansado de tantas desculpas e por isso se transformou num cidadão incrédulo com a classe política. A revolta e indignação com a qualidade do asfalto não diferem muito dos aborrecimentos com as frequentes quedas de energia e interrupções no abastecimento de água. A qualidade do serviço público ofertado à população é tão baixa que a melhor forma de protesto encontrada pelo cidadão é a inadimplência em relação ao pagamento dos impostos.
A sopa de letrinhas IPVA, IPTU, ITU, CPMF (que pode voltar) e outras taxas, como a de iluminação, se transformaram em sinônimos de palavrão. Não se trata de exagero. É verdade que a cultura natural do brasileiro apresenta certa ojeriza com o pagamento de impostos, mas o rombo nas finanças públicas deverá crescer ainda mais caso não haja um maior comprometimento dos governantes com a prevenção dos problemas e o planejamento das obras.
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