Colegas da jovem Tamires Paula, morta a facadas por outro adolescente em Goiânia, prestaram homenagem à menina na tarde desta sexta-feira, 25, no Colégio Estadual Jardim América (Ceja).
Emocionados, os alunos carregavam rosas, cartazes e mensagens diversas de luto, que foram espalhadas pela escola. Juntos, deram as mãos e, em roda, fizeram uma oração por Tamires.
Professores do colégio destacaram também solidariedade à família do aluno suspeito do homicídio, principalmente aos dois irmãos dele que ainda estudam no local.
O Ceja decretou luto após a morte de Tamires e as aulas para os cerca de 500 estudantes do turno vespertino retornarão apenas na próxima segunda-feira, 28.
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Nota
A diretora do colégio, Rosirene Dias, publicou em suas redes sociais nota lamentando o ocorrido e destacou a imprevisibilidade do fato. “O aluno que praticou o ato infracional em nenhum momento demonstrou no seu convívio em sala de aula qualquer sinal de que poderia cometer tal ato”, escreveu.
“Nota de desagravo do Colégio Estadual Jardim América
A comunidade CEJA está consternada. Desde a tragédia ocorrida no dia 23 de agosto, envolvendo um aluno e uma aluna do turno vespertino, um clima de desolação se instalou. Direção, professores, administrativos, coordenadores, pais e alunos estão perplexos, tentando encontrar uma resposta para o aconteceu. Mas infelizmente não encontramos. E não encontramos porque foi assim mesmo, sem precedentes e sem dar qualquer sinal de que isto poderia vir a ocorrer.
O Colégio Estadual Jardim América (CEJA) não está desconectado da realidade do ensino público no Brasil. A instituição tem uma história consolidada fundada no compromisso com uma educação pública de qualidade, que valorize os alunos como sujeitos de direitos e cuja formação é de nossa responsabilidade. Nunca nos eximimos de convocar pais e responsáveis, seja em reuniões, seja em conversas individualizadas. Sempre nos atentamos para os alunos em sua individualidade e buscamos sua formação integral, que vá além dos conteúdos didáticos. Promovemos palestras e fomentamos o debate sobre variados temas sociais em projetos interdisciplinares. Primamos pelo respeito à diversidade, seja ela qual for.
O que aconteceu foi uma fatalidade. E como fatalidade, não poderia ter sido prevista. O aluno que praticou o ato infracional em nenhum momento demonstrou no seu convívio em sala de aula qualquer sinal de que poderia cometer tal ato. O aluno não sofria bullying no ambiente escolar e nunca deu sinais de que seria nocivo a alguém. Em nenhum momento foi comunicado à coordenação qualquer coisa nesse sentido ou mesmo do jogo da baleia azul, como está sendo comentado. Qualquer informação além disso é dado meramente especulativo e hipotético.
Temos a certeza de que este é o tipo de crime que é impossível prever. Nem mesmo a família conseguiu notar algo. É muito leviano, num momento em que se espera solidariedade, sermos acusados de negligência, seja pela sociedade, seja por setores da imprensa ou por psicólogos que desconhecem a realidade de nosso trabalho, bem como o compromisso que o norteia. Infelizmente, a escola não é capaz de tudo. Não pode assumir papéis que vão além do processo de formação educacional. Não vamos conseguir resolver todas as mazelas sociais, quiçá psicológicas de nossos alunos. O problema é estrutural da sociedade. A cada dia é maior o número de jovens com distúrbios emocionais.
No momento, nossa preocupação é com as famílias. Duas famílias dilaceradas. Nossa preocupação é com o bem-estar de nossos alunos, cuja reação ainda não conseguimos precisar; nem mesmo dimensionar a ressonância desse fato em suas vidas. Temos certeza que mesmo diante do estado de desolação que nos acomete neste momento, vamos buscar força para recomeçar e, principalmente, continuar nossa busca por um ensino de qualidade, como sempre fizemos!
Rosirene Dias Rosa
Diretora do Colégio Estadual Jardim América”
O caso
Tamires Paula de Almeida, de 14 anos, foi assassinada a facadas no 5º andar do Residencial Pedra Branca, na Rua C-137, Jardim América, prédio em que morava. Após cometer o assassinato, o menino ainda se deslocou até a escola, próxima ao local, e confessou para a diretora o que havia ocorrido.
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