Bruce Campbell é mito. Não conhece? Bem, ele é o maior ator de filmes B, ou trash, de todos os tempos e ele se orgulha disso. Conhecido como o azarão de hollywood – pois apesar do gênero que o consagrou não exigir, ele sempre foi um bom ator – ele traz como legado uma leva de fãs fiéis.
Bem, mas esta é uma coluna de quadrinhos e Campbell é um ator (produtor, roteirista, etc), o que isso pode ter em comum? A grandiosidade de um dos personagens dele é tão grande que já transcendeu a sete arte e foi parar em games e claro, nas histórias em quadrinhos (infelizmente, não publicadas por aqui).
O personagem em questão se chama Ashley J. Williams, mais conhecido como Ash, da série de filmes do diretor Sam Raime (que é seu amigo pessoal) Evil Dead. A série teve três filmes, sendo o segundo uma espécie de remake do primeiro que foi feito com baixíssimo orçamento, e o terceiro uma continuação direta.
A trama dos filmes conta a história do despertar do exército dos mortos sob a influência do livro Necronomicon (retratado em contos de H.P. Lovecraft), que foi feito de carne e escrito com sangue humano. Demônios e mortos-vivos são o que não faltam nos filmes e claro, nas histórias em quadrinhos.
Conversão
Nas HQs o Ash bom moço do primeiro filme foi deixado de lado. O que interessa para a publicação da editora Dynamite Entertainment (primeiro ele saiu pela Dark Horse e depois pela Devil’s Due) é o pirado, galã de quinta, cheio de humor negro presente nos dois últimos filmes.
Com o título do último filme, Army of Darkness, Ash possui série regular e muitas minisséries especiais. O desbocado (anti) herói já esteve até presente no universo Marvel, em uma história alternativa onde os heróis da editora se tornam zumbis (Army of Darkness vs Marvel Zombies).
Munido com uma escopeta de cano curto (que ele mesmo imporovisou) e uma serra elétrica no lugar da mão direita, Ash, que é um dos maiores ícones do terror mundial, viaja através do tempo e de realidades alternativas, sempre em busca do livro vivo Necronomicon que insiste em fazer de sua vida um verdadeiro caos.
Ash não é movido pelo desejo de salvar a humanidade. Na verdade, ele não se importa muito com as pessoas e só quer saber de levar uma vida normal trabalhando no S-Mart, um supermercado onde atua como vendedor. Infelizmente (para ele e não para o leitor), os mortos-vivos e demônios sempre vão atrás dele primeiro, afinal ele é uma espécie de escolhido para destruir o livro – bem manjado, mas o jeito dele “nem aí” faz toda a diferença.
Os quadrinhos do inusitado herói ganharam uma série de edições especiais onde rolaram diversos “crossovers”, que é a junção de outros personagens em uma mesma história. Além da Marvel Zombies, que também é uma destas misturas, Ash já se encontrou com Xena (afinal, Campbell não só dirigia o seriado, como também atuava no papel do ladrão Autolycus), Re-Animator (que é um filme trash dos anos 80), Jason e Freddy (sim, aqueles de Sexta-feira 13 e a Hora do Pesadelo) e muitos outros.
Mais adaptações
Não é apenas a franquia Evil Dead que teve sua obra audiovisual adaptada para as páginas dos quadrinhos. A própria editora Dynamite Entertainment possui uma série de títulos que utilizam o mesmo modelo.
Uma destas HQs é Green Hornet, ou Besouro Verde. A revista é baseada na série de TV (e rádio) de nome homônima que revelou o ator máximo das artes marciais Bruce Lee. A trama conta a vida do playboy milionário Britt Reid, que decide se transformar no herói mascarado que dá nome a trama e tem como braço direito seu mordomo e motorista de origem oriental Kato (personagem de Lee).
O personagem Kato era especialista em artes marciais e sua participação na série fez tanto sucesso, que além de deslanchar a carreira de Bruce Lee, em alguns países orientais o programa era conhecido como O Show do Kato.
Outra filme que foi parar nas páginas da editora foi o clássico policial de ficção científica RoboCop. Lançado em 1987, o filme se tornou sucesso de bilheteria na época e lhe rendeu duas continuações. A história conta sobre o policial Alex Murphy, que morreu violentamente assassinado por uma gangue e é transformado em um cyborg policial.
Ainda existem muitas outras histórias que seguem esta linha de conversão como Exterminador do Futuro, The Warriors e mais. Para isso, basta que a editora veja potencial na história.
Francisco Costa é jornalista e fã de quadrinhos – [email protected]
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