A necessidade do planejamento para enfrentar o problema da metropolização do entorno de Goiânia foi abordada pela professora Celene Cunha Antunes, orientadora do programa de Pós Graduação em Geografia, da Universidade Federal de Goiás (UFG) e coordenadora do Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Goiânia.
A professora Celene foi a conferencista na abertura do 8º Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação (C, T & I) do Cerrado, na última terça-feira, 9 de junho. O 8º Fórum de C, T & I desse ano acontece na Faculdade Alfredo Nasser.
Metropolização de Goiânia
A conferencista explicou que até o ano de 2030 o processo de metropolização deverá ter unido Goiânia a outras 20 cidades da sua região metropolitana, gerando impactos irreversíveis na cultura, empregabilidade, mobilidade urbana, segurança pública e exigindo uma nova concepção de gestão compartilhada entre os municípios e o poder estadual, com participação do poder federal.
Previsto no Estatuto das Cidades, o Plano de Desenvolvimento Integrado das Regiões Metropolitanas Brasileiras é obrigatório para todas as áreas onde o fenômeno da metropolização está ocorrendo: “o Estatuto das Cidades foi uma criação da Constituição de 1988 e gerou o Plano de Desenvolvimento Integrado das Regiões Metropolitanas. Na época da elaboração da Constituição já se sabia que o adensamento urbano nas capitais de médio porte brasileiras seria inevitável e entre essas cidades está Goiânia, com as 20 cidades do seu entorno. Um fenômeno contemporâneo acabou contribuindo muito para esse adensamento, o Programa Minha Casa Minha Vida, que trouxe para essa região vários condomínios, para atender as camadas de baixa renda, aumentando consideravelmente o número de domicílios”.
Vãos urbanos
A professora mostrou que esses condomínios estão no município das cidades do entorno de Goiânia, mas longe do espaço urbano já existente, criando vários vãos urbanos, que estão sendo ocupados pelas outras classes sociais: “há aqui um atendimento ao setor imobiliário que tem valorizado esse espaço”.
Ao mostrar esse fenômeno a conferencista lembrou que junto com as casas os conjuntos habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida também aumentou as necessidades e os problemas: “a população de baixa renda necessita do transporte coletivo e esse só chegou a esses condomínios depois que as pessoas já estavam lá.
Um exemplo disso é a questão enfrentada pelos moradores do Conjunto Iris Ville, entre Goiânia e Bonfinópolis. Alí os moradores andaram nada menos do que oito quilômetros para pegar o ônibus para ir para o trabalho, ou escola. Hoje já existe, ainda que precariamente, uma linha de ônibus para atender esses moradores”. Celene lembra que questões como a segurança pública, o lazer, a empregabilidade e outros fatores da vida urbana também são agravados com o adensamento imediato gerado pelo programa e sem o cuidado necessário o futuro pode ser muito problemático: “São fatores que precisam ser enfrentados para evitar a geração da violência”.
A conferencista ainda mostrou que o desenvolvimento natural das cidades onde o fenômeno da metropolização estava previsto já seria motivo para a elaboração do Plano de Desenvolvimento da Região Metropolitana, mas os fatores excepcionais ainda obrigam o aceleramento da sua elaboração: “existem vários fatores como os acidentes naturais do solo, entre uma localidade e outra, por onde a tubulação de água e esgoto deve passar, a necessidade da chegada da estrutura urbana necessária a cada uma das regiões e o acompanhamento de geração de emprego para a mão de obra que vai chegando.
Tudo isso seria observável para Goiânia, mas em um espaço maior de tempo. Com o Programa Minha Casa Minha Vida esse tempo foi reduzido e temos de correr contra o relógio”.
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