Credeq ganha apelido de “safadão”
A criatividade do ser humano não tem limite. Cansados da longa demora que envolve a inauguração do Centro de Referência e Excelência em Dependência Química de Aparecida de Goiânia, os moradores do município apelidaram a unidade-modelo de “Credeq safadão”. Em julho de 2015, portanto há oito meses, Agetop e Secretaria da Saúde anunciaram que 99% da obra já estavam prontos, incluindo a aquisição do mobiliário, equipamentos médicos e artigos terapêuticos. “Pra não ter sido entregue ainda é porque o 1% restante é vagabundo”, ironizam os vizinhos do Credeq, localizado na zona rural de Aparecida.
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Promessa de 2010 e 2014
Brincadeira à parte com o sucesso musical da dupla Marcos & Belutti e Wesley Safadão, o que resta é um misto de impotência e indignação das pessoas que sofrem direta e indiretamente com a dependência química na Grande Goiânia. Não se trata de um compromisso eleitoral qualquer. A implantação de Credeq’s fez parte do plano de governo do então candidato Marconi Perillo nas eleições de 2010 e 2014. Até agora nada, rigorosamente nada. Pronta e equipada, segundo a comunicação governista, a unidade de Aparecida necessita da vigilância de dois seguranças, dia e noite, para evitar depredações e possível invasão do imóvel. Ou seja: gastos com manutenção antes mesmo da inauguração.
Só Deus na causa
O Credeq de Aparecida é a ponta do iceberg. Custou R$ 25 milhões e comanda o relatório da própria Agetop onde quatro outras unidades sequer atingiram 50% das obras até agora: Caldas Novas (R$ 21 milhões), Goianésia (R$ 21 milhões), Morrinhos (R$ 22 milhões) e Quirinópolis (R$ 21 milhões). Também está prevista a construção de Credeq´s em Itumbiara, Luziânia, Mineiros, Anápolis e Formosa. Se depender da velocidade e do interesse de Marconi Perillo e seus auxiliares, só Deus sabe quando.
Dignidade ao vento
Durante visita do secretário de Saúde Leonardo Vilela no mesmo período do ano passado, a informação oficial era de que o Credeq de Aparecida de Goiânia passava por ajustes finais para sua inauguração. “O centro aliviará o sofrimento de mães e pais, alcançando a raiz do problema do tratamento e da recuperação do dependente, em um processo que busca devolver a eles a dignidade”, eram as palavras ao vento do secretário.
Unidade pé no chão
Dignidade, qual dignidade? Dependentes químicos e seus familiares exigem respeito e consideração de Leonardo Vilela e do governo que ele representa. Trata-se de uma questão humanitária. No papel é muito bonito falar em 96 vagas para internação, seis casas de acolhimento provisório, 2 mil consultas psiquiátricas e área verde destinada ao lazer, práticas esportivas e recreação. Na prática o que se busca é o mínimo necessário: um local limpo e equipado, com atendimento qualificado, para contrapor ao depósito de seres humanos que se verifica em grande parte das clínicas “especializadas”. Um Credeq pé no chão, oposto ao status de “safadão” do momento.
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