Suspeito de torturar o próprio irmão, um auxiliar de motorista de 28 anos foi detido em flagrante e negou ser violento com a criança de 11 anos, encontrada com múltiplas lesões de agressão em Goiânia.
O garoto foi levado para um abrigo e o suspeito foi liberado após audiência de custódia, em que ele disse cuidar bem do garoto, mas que deu uma surra nele por mau comportamento.
“A diretora [da escola] me chamava direto. Ele deitando no chão, não queria estudar, dando a maior canseira para mim. Eu não queria isso para mim. Nunca tive um filho, estou fazendo isso por bondade, para poder ajudar minha mãe. Nunca fiz maldade com ele. Quem me conhece sabe que não sou esse tipo de gente”, disse.
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Prisão
A Polícia Militar descobriu o caso após denúncia de uma vizinha, que percebeu os ferimentos na criança. Segundo o soldado que antedeu a ocorrência, Daniel Xavier, a comoção foi grande. “Eu já vi muita coisa, mas a situação que eu encontrei essa criança, eu nunca tinha visto. Quando eu entrei no barraco, a criança começou a chorar muito desesperada”, contou o policial.
A prisão foi efetuada na última terça-feira, 10, na Vila Santa Helena. A criança tinha ferimentos na perna, cabeça e costelas, mas à polícia o irmão afirmou que havia batido para educá-lo.
A versão do garoto é diferente. Ele relatou que as agressões eram frequentes e, há pelo menos um ano, diárias. Segundo o menino, ele era amordaçado e constantemente sentia fome, já que era proibido de comer.
Relato
“Ela [cunhada] que gosta de me amarrar muito. Me amarrava no pescoço e amarrava as minhas mãos. Me amarrava de um jeito que, se puxasse minha mão, ia me enforcar. Colocava ‘trem’ na minha boca para eu não falar, tipo um pano, passava fita. Tinha chute. Cinto era de vez em quando”, contou a vítima.
Além de ser torturada pelo irmão, a criança também teria sofrido maus tratos da cunhada. A participação da mulher do suspeito no crime também será investigada.
Agora, o caso é apurado pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). De acordo com a delegada Paula Meotti, o suspeito será indiciado por tortura. “[O crime] está bastante caracterizado. Nos autos, consta que a criança foi submetida a intenso sofrimento físico e mental”, disse.
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