Ainda tem gente que se espanta com a combinação de oportunismo e inocência do ser humano. Desde que o mundo é mundo existem seletos grupos de enganadores para um universo de enganados. A rapidez da informação nos dias atuais faz com que os golpes se tornem mais conhecidos, porém não há vacina que previna a esperteza. Hoje o noticiário traz os casos da modelo fotográfica Bruna Menezes, em Goiânia, e de um homem que fingia ser portador de várias doenças em Brasília.
Charme para seduzir dezenas de vítimas
O primeiro caso é a clássica história da mulher bonita e comunicativa que utiliza seu charme para seduzir dezenas de vítimas, em sua maioria homens. Para isso a loira, apelidada de “Barbie”, precisou apenas ampliar o círculo de relacionamento e oferecer aos supostos alvos vantagens emocionais e financeiras. É tiro e queda. Por mais que os nossos avós tenham alertado que “quando a esmola é muita o santo desconfia”, a empolgação e a carência costumam cegar os envolvidos.
Uma vez comprovado o estelionato, ainda na delegacia, as vítimas são obrigadas a conviver com o constrangimento e a humilhação pública. Sentimentos que também atormentam centenas de pessoas enganadas por um falso pedinte na rodoviária do Gama (DF). O homem cobria o corpo com curativos, drenos e até utilizava saco de colostomia improvisado para arrecadar o máximo possível de dinheiro. Nos dois casos citados, infelizmente, não há a mínima garantia de que os farsantes irão aprender com o erro. Talvez apenas mudem de endereço.
A propósito: já perdi a conta de quantas vezes fui enganado por oportunistas. Ficava sensibilizado com crianças, idosos e portadores de deficiência física nas esquinas e sinaleiros da cidade. Cheguei a chorar algumas vezes. Isso até tomar conhecimento da real história de vida dos “necessitados” por intermédio de terceiros ou da imprensa. O “nariz de palhaço” crescia na hora e a vergonha era do tamanho do estádio Serra Dourada. Mas aprendi a lição.
Hoje prefiro ser cético com os pedintes. Vou logo carregando nas perguntas e comentando sobre possibilidade de arrumar um serviço. Em 95% dos casos o diálogo sequer termina. Decidi, desta forma, abandonar a zona de conforto da ação social, aquela voltada para o “coitadinho” da ocasião, e integrar grupo solidário com missões e rotinas pré-estabelecidas. A mudança foi da água para o vinho.
Não há satisfação maior do que reservar um tempo, por menor que seja, para ajudar o próximo. A vida passa a fazer mais sentido. Não basta levar o donativo ou o medicamento a quem precisa, mas sim destinar alguns minutos para se inteirar da realidade de quem você está ajudando. Faz toda a diferença.
Quanto ao perigo de cair na lábia de mulheres como a “Barbie” goiana, espero ter passado da idade e do peso de acreditar em Mamãe Noel das baladas e redes sociais. Mas sempre é bom ficar atento e vigilante para não cair na tentação das loiras fatais.
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