Já li e ouvi dezenas de relatos de vítimas do mosquito Aedes aegypti. E me questiono (toc-toc-toc) como ainda não caí na armadilha. Parentes, amigos, conhecidos, enfim, dezenas de pessoas do meu círculo de relacionamento entraram a contragosto para a estatística da dengue em Goiás. E o aumento no número de casos ultrapassa 65% em comparação ao mesmo período do ano passado.
A epidemia de dengue, com certeza, é bem maior do que aquela divulgada oficialmente pelas autoridades da área. Os relatos de dois amigos comprovam a fragilidade no atendimento, acompanhamento e registro oficial da doença nas unidades públicas e privadas de saúde. A precariedade física e de pessoal causa estresse e revolta nos pacientes. Tumulto e bate-boca são inevitáveis.
O primeiro amigo recorreu ao Cais do Jardim América e aguardou consulta por mais de quatro horas. Eram cerca de 100 pessoas aglomeradas naquele que é o pior momento: a troca de turno dos médicos. Entre 18h e 20h, a unidade de saúde ficou sem um único profissional. Cansado de esperar, decidiu ir embora e tentar novamente no dia seguinte.
Com Ipasgo em dia, o segundo amigo procurou o Hospital Lúcio Rebelo para realizar os exames necessários. Ficou decepcionado com a falta de conhecimento dos profissionais sobre os sintomas da dengue e os procedimentos tomados em relação ao seu pai, que precisou ser internado. Cogitou até a possibilidade de promover uma transferência para outra unidade de saúde. Ao final, mais calmo, recebeu a comprovação de que ele e o pai estavam realmente com dengue.
Os dois exemplos se revelam pequenos diante dos casos em que a doença provocou mortes e enlutou centenas de famílias goianas. Mas são suficientes para comprovar o quanto o combate à dengue – ou mesmo à chikungunya – ainda continua sendo amador e moroso em nosso estado, infelizmente uma realidade nacional. Em que pese a dedicação de alguns profissionais das secretarias estadual e municipal de saúde, o Aedes aegypti está à vontade para continuar proliferando e tirando o sono da população no interior e na capital.
Rápidas
… Daniel Vilela (PMDB) solicitou sindicância do Denatran no Detran/GO. O deputado teve dois requerimentos aprovados em plenário, argumentando que “a ineficiência na prestação de serviços é notória”.
… Waldir Soares (PSDB) segue chamando a atenção na Câmara dos Deputados. A colega Maria do Rosário (PT-RS) chegou a questionar se ele fez exame psicotécnico para delegado.
… O ministro Pepe Vargas (Direitos Humanos) virou motivo de piada no Congresso em função do seu receio em ficar desempregado. Já está na terceira função e, se precisar, aceita qualquer outro cargo na Esplanada dos Ministérios.
… Não param de pipocar relatos sobre falsos manifestantes contratados em Brasília para defender o Governo Dilma. O valor combinado foi de 40 a 50 reais para quem usou o kit completo: bandeira, boné e camiseta. Centenas estão cadastrados para eventos futuros.
Discussão sobre isso post