Discurso barato da CNBB
Fiquei até emocionado ao ler a íntegra da mensagem aprovada e divulgada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em sua 54ª Assembleia Geral. Preocupada com os rumos do país e a eleição municipal que se aproxima, a entidade orientou os católicos a fiscalizarem os candidatos de perto e denunciarem eventuais irregularidades ao Ministério Público e à Justiça Eleitoral. Mais politicamente correto, impossível. Escaldada como sempre, a CNBB preferiu ignorar solenemente o envolvimento promíscuo de muitos padres e bispos com empresários e agentes públicos país afora.
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Tabelinhas inescrupulosas
Tiraria o chapéu para a CNBB caso ela deixasse o discurso barato de lado e divulgasse número de telefone e contatos nas redes sociais onde o cidadão comum pudesse denunciar ilegalidades e abusos cometidos no âmbito da Igreja Católica. Aqueles famosos casos de tabelinha financeira com parlamentares e governantes, como foi detectado na Operação Lava Jato, patrocínios milionários para eventos sem a devida fiscalização e comprovação, além da contratação de apaniguados religiosos em gabinetes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Os bispos dariam exemplo investigando e cortando na própria carne.
Dinheiro não cai do céu
Somente a Paróquia São Pedro, localizada na cidade-satélite de Taguatinga (DF), recebeu volumosos recursos de três das maiores empreiteiras do país: OAS, Andrade Gutierrez e Via Engenharia. Mesmo que a Polícia Federal esteja correta e não haja envolvimento direto da paróquia em nenhum ato ilícito, a milionária movimentação financeira por si só deveria ter sido comunicada aos superiores. Dinheiro não cai do céu, muito menos em grande quantidade. Antes de cantar alto no quintal político alheio, bastante poluído por sinal, a CNBB contribuiria muito se fiscalizasse primeiro a ambição, o oportunismo e a vaidade de seus subordinados.
Depuração começa em casa
O canal direto com os fiéis também iria desencadear, com certeza, apuração de outras ilegalidades e ainda de graves denúncias referentes a abusos sexuais. Uma parceria entre CNBB e Ministério Público agilizaria as investigações e o encaminhamento dos processos ao Poder Judiciário. Resumindo: o caminho do discurso fácil ao pragmatismo de resultado é simples para a CNBB. A depuração que faz diferença é aquela que começa sob o mesmo teto. Fazendo o dever de casa, os bispos teriam maior legitimidade para cobrar correção e honestidade não apenas da classe política, mas da sociedade em geral.
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O popstar da hora
Principal estrela do encontro do PTB em Brasília na manhã de hoje, o deputado federal Jovair Arantes tem se beliscado a todo momento pra conferir se não está sonhando. É que o assédio sobre ele após a apresentação do relatório recomendando o impeachment da presidente Dilma Rousseff não para de crescer. Escoltado por dois seguranças, Jovair custa dar conta dos pedidos de selfies dos fãs. O parlamentar goiano já é chamado de “ministro” e até de “presidente”, no caso da Câmara dos Deputados.
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