A Praça C-246, antigamente, era um local de convívio social frequentado por jovens e famílias que residem nas mediações. No início da década de 1990, o lugar ficou conhecido popularmente pelo nome da dupla sertaneja Leandro e Leonardo, pelo fato dos pais dos cantores terem residido em frente à praça. Muitos moradores frequentavam o local ao final da tarde para jogar conversa fora, distrair e até fazer piquenique.
Com o tempo, a comunidade da região deixou de frequentar a praça. O local passou a ser usado por góticos, metaleiros e integrantes de torcidas organizadas, que fazem da praça o principal ponto de consumo de drogas da região. Segundo moradores, essas tribos promovem algazarras e muitos deles usam o local para se drogar e fazer orgias. “Eles provocam barulho a noite inteira, principalmente nos finais de semana”, reclama o bancário Eden Luiz Silveira, de 53 anos, que há 18 mora em frente à praça.
Tribos
O empresário Valdeir Borges, de 52 anos, vizinho de Eden, diz que a maioria dos moradores da região não tem coragem de passear na praça. Ele reclama que o local está mal cuidado, não tem banco para sentar e que ele é obrigado a presenciar pessoas se drogando. De acordo com Valdeir, essas tribos passaram a frequentar a praça depois que ficou proibido o consumo de bebida alcoólica no Parque Vaca Brava. “Com a proibição, essas pessoas, das quais a maioria não é da região, migraram do parque à Praça C-246. Eles bebem e gritam demais. Cantam a noite inteira, atrapalhando o descanso da vizinhança”, afirma Valdeir, enfatizando que “a droga corre solta no local”.
Márcia Regina, moradora de um edifício próximo à praça, confirma a denúncia de Valdeir ao relatar que da sacada do quinto andar do seu apartamento, presencia jovens consumindo drogas ao ar livre e sem pudor. “A praça, que antes era sinônimo de lazer e diversão, agora se tornou um lugar perigoso para os moradores. O local está esquecido pelo poder público”, relata.Para os vizinhos da praça o consumo de bebidas parece ser o menos relevante dos problemas. Segundo uma moradora da região, que prefere não ser identificada, nos finais de semana “é possível sentir o cheiro da maconha de bem longe”.
Eden Luiz reclama da omissão da polícia militar. Ele alega que, desde 2002, os moradores que moram na região convivem com períodos de violência. “Os criminosos tiraram a nossa liberdade. Tenho receio de sair de casa à noite”, frisa. Eden Luiz conta que moradores da comunidade já foram vítimas de seqüestro, assalto à mão armada, roubo a carro e a residência, e que até um tiro de revólver já foi disparado contra ele por um marginal. Vários moradores cobram policiamento rotineiro diuturno na praça.
A equipe de reportagem encontrou inúmeras garrafas de cerveja, vodka, refrigerante, catuaba, vinho, pinga, além de dezenas de cartelas de cigarro no local. Constatou que os atuais frequentadores do lugar usam as árvores e arbustos como sanitários. A praça fica no Jardim América, precisamente na divisa com o Bueno, nos fundos do Empório Casarão.
Resposta
O subcomandante da Companhia Vaca Brava (9º CIPM), capitão Pinangé, disse que não tinha conhecimento do fato. Entretanto, ele garantiu que resolverá o problema. “Iremos abrir uma ordem de serviço para desencadear uma operação no local. Já de imediato, colocaremos o serviço de inteligência para investigar o caso”, assegura o capitão. Pinangé garantiu ao Folha Z que a região terá policiamento rotineiro. “Atuaremos em cima do problema e daremos uma resposta à comunidade”.
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