Um ano atrás, existiam dois lados da moeda. Havia confiança extrema no trabalho de Vince Gilligan e companhia, mas também havia preocupação quanto ao fato de que tudo poderia não passar da repetição de uma fórmula atrás de mais dinheiro. Porém, no fim, descobrimos que “Better Call Saul”, mesmo valendo-se de muito do que “Breaking Bad” já fez, é muito boa, além de original.
Piloto
De cara, o que nenhum de nós jamais esperaria ver: um “flashforward” de “Breaking Bad”. O preto e branco reforça a depressão e o estado de derrota de um Saul já velho e cansado. Mostrar acontecimentos posteriores à queda de Walter White foi uma surpresa e também um deleite.
Mas, logo em seguida, a série já dava sinais do que se trataria. O mesmo humor sagaz misturado com a tensão constante. A apreensão pelo bem estar do protagonista com quem você se importa, apesar de saber que ele se colocou em situações ruins por ter feito coisas ruins.
E a ambientação também é a mesma da série genitora. O cenário quente e desértico do Novo México. Tudo com a infalível primazia de enquadramento, ângulo, figurino e fotografia. Sem falar nos rostos familiares. Nos primeiros 50 minutos já temos Mike e o traficante Tuco em ação.
Humor
Enquanto Walter era sombrio, pragmático, genial e por vezes até carinhoso, não conseguia ser engraçado. Por isso, vários personagens ao seu redor ganhavam destaque na hora do alívio cômico. O principal deles foi Saul Goodman, é claro; mas Pinkman e até Hank seguravam a barra na tentativa de arrancar riso.
Mas, ao que tudo indica, a situação será inversa em “Better Call Saul”. Aqui, o protagonista tem veia cômica muito forte, timing, postura e até cara de engraçado. Por outro lado, os momentos sombrios e intensos devem ficar por conta de outras figuras dentro da trama.
E é preciso ter assistido “Breaking Bad” antes?
Sim. Se você preza pela experiência completa que a série quer proporcionar, o ideal é já conhecer os personagens e já saber onde vão parar no futuro. Sem saber o homem brutal que é o “capanga Mike” em anos posteriores, não há o mínimo interesse no velhinho que cobra o estacionamento (o troll da ponte).
Mas, afinal, o que você fez da vida que não assistiu “Breaking Bad” ainda?
Marco Faleiro é estudante de jornalismo e já tem mais de duas mil horas de seriados assistidos – [email protected]
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