Por Thiago Araújo
Em 2014, Goiás perdeu ao menos 15% da produção de soja por causa da seca. Na época, de acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), apenas 27% das lavouras da cultura estavam seguradas no Estado. Em meio à falta de chuvas e à colheita de prejuízos daquele ano, técnicos da entidade chegaram a se reunir com produtores rurais para explicar a gravidade da situação enfrentada por municípios como Quirinópolis – que decretou situação de emergência a fim de viabilizar recursos federais para cobrir as perdas decorrentes da forte estiagem.
O caso do senhor João, segundo o corretor filiado ao Sindicato dos Corretores e Empresas Corretoras de Seguros no Estado de Goiás (Sincor-GO) e diretor executivo da Esseg Corretora de Seguros, Edmilson Silva, indica que os produtores estão adotando estratégias de gestão de riscos e inserindo os contratos de seguros nas planilhas de custeio das lavouras, sobretudo após a criação, em 2015, do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). O projeto do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) apoia financeiramente os produtores que contratam esse tipo de proteção.
Para 2018, o governo disponibilizou R$ 384 milhões para o PSR, recurso suficiente para proteger algo entre 15% e 20% da produção nacional, estimam os economistas.
“Nos Estados Unidos, a título de comparação, cerca de US$ 110 bilhões são direcionados por ano para assegurar o faturamento das lavouras. Aqui no Brasil, o valor destinado pelo governo à subvenção do seguro rural ainda não é capaz de abranger toda a agricultura nacional. No entanto, estamos avançando e os produtores estão começando a incluir as apólices no planejamento das safras”, pontua Silva.
Ainda segundo o corretor, a ampla cobertura oferecida pelas modalidades do seguro rural demonstra que os produtores dispõem hoje de um conjunto de mecanismos para administrar os riscos em toda cadeia produtiva.
“Os seguros disponíveis para o agronegócio transcendem as questões do clima e cobrem diversos tipos de perdas patrimoniais nos empreendimentos rurais. As modalidades do setor estendem a cobertura para construções, produtos colhidos e estocados, veículos rurais, máquinas e implementos que estão sujeitos a fatores que podem paralisar a produção e gerar perdas”, destaca Silva.
Nos últimos doze meses, conforme balanço divulgado pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), o mercado de seguros rurais cresceu 9,1% no país. Para José Alves, corretor especializado no segmento, o aumento da procura pelos seguros ajuda a criar uma rede de proteção contra a inadimplência no setor agropecuário. “Diante da ocorrência de algum sinistro, o seguro permite que o produtor recupere o capital investido e continue plantando nas próximas safras”, diz.
Dessa forma, segundo o vice-presidente Institucional e de Relações com o Corretor de Seguros do Sincor-GO, Vinícius de Araújo Porto, os seguros contribuem diretamente para a estabilidade social no campo e, consequentemente, para o fortalecimento do agronegócio, que é responsável por 23,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Os seguros são responsáveis por amparar e reparar eventuais danos no setor e são investimentos indispensáveis para quem planeja crescer no mercado, principalmente porque induz ao uso de tecnologias adequadas e favorece a modernização da produção”, sublinha Porto.
Contratar um seguro rural é como adquirir qualquer outro tipo de apólice, esclarece o corretor José Alves. “A diferença é que no caso do seguro agrícola, específico para as lavouras, é necessário realizar os croquis das áreas”, diz.
Além disso, para ter acesso ao programa de subvenção do governo, os agricultores devem conduzir as culturas de acordo com recomendações de órgãos técnicos como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e se atentar ao Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), estudo elaborado pelo Mapa que identifica a melhor época de plantio das culturas em cada município.
No caso do seguro para florestas comerciais, o mercado oferece ainda flexibilidade na escolha dos níveis de coberturas e franquias. As garantias básicas incluem os prejuízos ocasionados por incêndio e raios. Entretanto, o produtor pode contratar coberturas adicionais para ventos fortes, seca, geadas e granizos. O setor disponibiliza também os seguros Pecuário e Aquícola. As três modalidades contam com apoio do programa de subvenção do Mapa.
Conforme assinala Edmilson Silva, para adquirir uma das opções é necessário procurar um corretor especializado no assunto. “Temos qualificação técnica para melhor dimensionar as coberturas de que os produtores necessitam. Além disso, é importante destacar que, independentemente da categoria, os interessados devem ser criteriosos ao fornecer informações sobre os bens segurados, não omitindo ou alterando quaisquer informações que possam de alguma forma influenciar nos riscos”, finaliza o corretor.
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