Leandro de Castro
Considerado hoje um dos motores fundamentais para o desenvolvimento econômico e social do país, o empreendedorismo feminino tem se destacado como uma força transformadora no Brasil, promovendo autonomia financeira, inclusão e inovação.
Dia após dia, mulheres empreendedoras quebram barreiras e criam novas oportunidades, modificando a forma como as empresas funcionam e impactando diretamente suas comunidades.
Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), atualmente, as mulheres representam cerca de 33,9% dos empreendedores no Brasil. Somente em Goiás, 42% dos empreendedores são mulheres, enquanto os homens correspondem a 58%.
Em média, 16% das empreendedoras possuem ensino superior completo, em comparação a 12% dos homens.
Apesar disso, elas ainda encontram obstáculos ao empreender, sobretudo no que diz respeito ao acesso ao crédito.
Homens têm mais chances de obter financiamento
De acordo com uma análise realizada pelo Sebrae, apenas 17% das empreendedoras obtêm linhas de financiamento para seus negócios, enquanto os homens têm 24% mais chances de receber apoio financeiro formal.
Essa disparidade ressalta a desigualdade no setor e evidencia a necessidade de estratégias mais equitativas.
No entanto, mesmo diante desses desafios, as mulheres têm se destacado no empreendedorismo, formando redes de apoio, participando de projetos de capacitação, como os programas oferecidos pelo Sistema FIEG, e conquistando, de maneira decisiva, seus espaços no mercado de trabalho.
Inovação e sustentabilidade
Um exemplo notável e exitoso é a CEO da Luna Green Bioativos, Nathalia Barbosa, empresária de destaque que, por meio de sua determinação, resiliência e superação, se firmou como uma referência no setor de insumos sustentáveis para cosméticos.
Localizada em Aparecida de Goiânia, a indústria desenvolve produtos personalizados a partir de um processo limpo e ecológico, isento de petrolatos e sem a utilização de solventes tóxicos.
Dessa forma, a empresa não apenas promove a segurança do meio ambiente, mas também assegura a saúde de seus colaboradores e clientes.
SENAI Tecnologia consolidou a indústria Luna Green
Ao compartilhar sua trajetória, Nathalia enfatizou que a consolidação de sua indústria no mercado foi viabilizada por uma parceria estratégica com o Instituto SENAI de Tecnologia em Alimentos e Bebidas.
Essa colaboração, segundo ela, foi fundamental para o desenvolvimento de processos inovadores e sustentáveis, permitindo que a Luna Green Bioativos se destacasse de maneira pioneira em Goiânia e conquistasse um espaço significativo no setor de insumos cosméticos no país.
“Tudo começou durante uma pesquisa em meu mestrado em Ciências Farmacêuticas com extrato de goiaba. Nesse processo, percebi que minhas mãos ficavam hidratadas e pensei que isso poderia resultar em um produto cosmético. Comecei então a desenvolver um esfoliante natural a partir dos resíduos da goiaba.
À época, sugeri esse produto a um empresário que estava em busca de um projeto de inovação para sua indústria, e conseguimos, junto ao SENAI, um edital de subvenção econômica, o que possibilitou dar continuidade ao projeto”, explicou.
De pesquisadora a empreendedora
Ainda de acordo com a empresária, a decisão de se tornar empreendedora surgiu de uma demanda do mercado.
“Decidi abrir a Luna Green por uma questão de necessidade. Durante o desenvolvimento do esfoliante, fui trabalhar como pesquisadora no SENAI e não tinha a intenção de abrir uma empresa. Meu objetivo era avançar na área de pesquisa. Porém, quando chegou a hora de lançar o produto, em 2018, o empresário com quem eu havia feito parceria explicou que o lançamento só seria possível se houvesse um fornecedor. Foi nesse momento que decidi abrir a empresa, mesmo sem ter clareza sobre tudo o que seria necessário para isso”, acrescentou.
Com o apoio do SENAI, por meio dos programas de capacitação e do Centro Internacional de Negócios (CIN) da FIEG, a Luna Green Bioativos expandiu-se significativamente ao longo de seus seis anos de atuação, inclusive com projetos premiados, como o esfoliante de goiaba, o ativo de pimenta e o gel de aloe vera, além de conquistar as premiações Mulheres Inovadoras e Espaço Finep.
Hoje, a empresa conta com um portfólio de mais de 300 produtos, exportando para todos os estados brasileiros, além de países como Chile, Bolívia, Guatemala e Colômbia, consolidando-se como uma referência nacional e internacional em insumos sustentáveis.“A FIEG foi, sem dúvidas, o ponto de partida de toda a trajetória da empresa”, disse ela, emocionada.
“Desde o início, já vínhamos pensando na exportação, especialmente porque nossos concorrentes exportam mais do que vendem no mercado nacional. Foi então que realizamos nosso primeiro curso no Centro Internacional de Negócios e, desde então, participamos ativamente das ações que promovem. Recentemente, inclusive, participei de uma feira de internacionalização, onde tive a oportunidade de dialogar com representantes de outros países, além de poder compartilhar experiência sobre empreendedorismo e inovação”, salientou Nathalia.
FIEG: Braço direito do empreendedor
Atuando como um braço direito da indústria e do empreendedor, a FIEG desempenha um papel estratégico no fortalecimento do ambiente empresarial em Goiás, promovendo o desenvolvimento econômico e apoiando a inovação em todos os setores produtivos.
Com iniciativas que vão desde a capacitação profissional até o acesso facilitado ao crédito e parcerias para adoção de novas tecnologias, o Sistema FIEG oferece o suporte necessário para que empresários e industriais goianos tenham as condições ideais para crescer, gerar empregos e enfrentar os desafios do mercado.
Além disso, por meio de conselhos temáticos, como o Conselho Temático de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (CDTI), a Federação fomenta a integração entre pesquisa, desenvolvimento e aplicação prática, acelerando o progresso de projetos inovadores e sustentáveis.
De acordo com o presidente do CDTI, Luciano Lacerda, a inovação, sobretudo no empreendedorismo feminino, é essencial para a competitividade, geração de emprego e renda e, principalmente, para promover uma economia mais inclusiva e diversificada.
“Hoje, o Conselho Temático de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (CDTI) representa uma força motriz fundamental para a inovação em Goiás e para o fortalecimento do empreendedorismo em nosso estado. O CDTI impulsiona projetos que trazem soluções tecnológicas e estimulam a competitividade das empresas, criando um ambiente fértil para o crescimento de negócios sustentáveis e atraindo mais pessoas, especialmente mulheres, para o movimento da inovação”, explicou.
Ainda segundo Lacerda, é preciso fomentar o estímulo à estratégia inovadora das empresas brasileiras e ampliar a efetividade das políticas de apoio à inovação.
“Queremos que as empresas estejam estruturadas para aproveitar esse momento de transformação e estamos trabalhando para fomentar essa cultura da inovação nas indústrias. Neste cenário de avanços tecnológicos, é vital que as indústrias goianas adotem uma mentalidade inovadora, que não apenas responda às mudanças, mas que também antecipe tendências e oportunidades”, concluiu.
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