Gabriel de Almeida tem apenas 18 anos. Há sete, ele foi diagnosticado com escoliose grave. E sua saga em busca de uma cirurgia em Aparecida de Goiânia parece longe de chegar ao fim.
“Meu sonho é arrumar a coluna. Ter uma vida normal”, lamenta o jovem.
Ele e sua mãe moram no Jardim Copacabana, no Pólo Industrial de Aparecida de Goiânia.
A dona de casa Valquíria de Almeida procurou o Folha Z porque não sabe mais o que fazer em busca do tratamento para o filho.
Segundo ela, vários exames já foram feitos. Mas, na hora de fazer a cirurgia, o procedimento não é marcado e ela não compreende o motivo. “Fica um empurra-empurra”, diz.
Desesperada, Valquíria chegou a fazer um orçamento na rede particular. O custo de R$ 20 mil, no entanto, é inviável para a realidade financeira da família.
“Não temos condições. Se tivéssemos, já teríamos feito a cirurgia particular”, comentou.
Dificuldades
Diferentemente de outros problemas na coluna, que só podem ser vistos quando a pessoa está de perfil, a escoliose é uma curvatura anormal da coluna para um dos lados do tronco.
No caso de Gabriel, são mais de 35 graus de deformação, que vem se intensificando desde os 10 anos de idade.
“Se eu andar muito, minhas costas doem. Não posso correr, nadar… É ruim viver assim”, reclama o rapaz.
Devido às limitações motoras, Gabriel mal consegue soltar pipa, uma de suas atividades favoritas.
O consolo ele encontra nos jogos eletrônicos, que o ajudam a passar o tempo e a se entreter.
Mas a falta de empatia das outras pessoas é um dos principais desafios para o menino. “Tenho vergonha. As pessoas me olham diferente, com discriminação”.
Segundo a mãe, o menino, que faz o oitavo ano, já teve até que mudar de colégio por causa do bullying.
Felizmente, na nova escola ele diz ter sido acolhido pela direção, professores e colegas.
“Hoje tenho amigos de verdade: Jonathan e Wallace”, diz, orgulhoso.
O problema é que, segundo a família, Gabriel pode perder o movimento das pernas caso não seja operado logo.
Escoliose
O que emperra o tratamento do jovem é a dificuldade de compreender uma simples pergunta: por que a cirurgia ainda não foi feita?
Segundo Valquíria, o Hospital São Silvestre, unidade que deveria atendê-los, alega que a prefeitura não mandou ainda a autorização da cirurgia.
Desde então, ela já passou pelo setor de regulação da Secretaria Municipal de Saúde, onde não obteve resposta.
No Crer (Centro de Reabilitação e Readaptação), a decepção foi a mesma, relata Valquíria.
“Eu fico sem saber por que nada acontece”, reclama a mãe.
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Secretaria Municipal de Saúde
Em resposta ao Folha Z, a assessoria da Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida afirmou que a autorização para a cirurgia ocorreu no final de 2017.
O órgão ainda declarou que entraria em contato com a família e com o hospital para dar continuação aos procedimentos.
A família, no entanto, relatou que, até a manhã desta terça-feira, 26, não havia recebido nenhuma ligação por parte da secretaria ou do Hospital São Silvestre.
Há uma semana, o Folha Z tenta obter uma resposta por parte da Secretaria de Saúde de Aparecida. Foram vários contatos feitos e nenhuma resposta objetiva sobre o caso.
Sem sucesso, a reportagem também tentou por uma semana contato com a administração do hospital.
O espaço segue aberto para esclarecimentos a respeito do andamento da cirurgia do jovem Gabriel.
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