Por Mel Castro
Tempos atrás, os ciclistas tinham que andar pelas calçadas ou se arriscarem no meio do trânsito da cidade entre carros, motos, ônibus e caminhões.
Hoje, cada um começa a ter a sua própria via de tráfego em Goiânia, com a construção de corredores exclusivos para ônibus do transporte coletivo, pistas para ciclistas (ciclovias), faixas para pedestres, calçadas com sinalização e rampas para facilitarem a mobilidade de pessoas com necessidades especiais.
Entretanto, há quem respeita e muitos que desrespeitam as regras previstas.
Mas uma coisa é certa: a educação é algo primordial para a mudança da cultura por uma boa convivência no trânsito.
Do pequeno ao grandalhão
O servidor público Fernando Pereira Duarte, de 32 anos, é ciclista, motociclista e também motorista.
Dependendo do clima, ele deixa os seus veículos automóveis em casa, para ir trabalhar de bicicleta, além de tirar três dias da semana, após o horário de expediente, para pedalar.
Como ciclista, ele alega ter seu espaço respeitado em ciclovias (pista isolada para ciclistas implantada em ilhas ou calçadas), mas não em ciclofaixas (faixas para ciclistas no asfalto).
“A maioria dos carros não respeita. Jogam para cima, buzinam. E aí tem certos percursos em que eu sou obrigado a andar na calçada, invadindo o espaço dos pedestres. Mas eu não tenho outra opção. Ou ando na calçada ou corro o risco de ser atropelado”, relata.
Divino Caetano da Rocha, de 44 anos, é motorista de ônibus desde 1999 e afirma que a implantação das vias exclusivas para ônibus de transporte coletivo fez com que o trânsito fluísse com maior facilidade, mas também lamenta a falta de respeito por parte de alguns condutores.
“O tráfego, para nós, motoristas, melhorou bastante depois que fizeram as vias. Antes, o trajeto se tornava mais demorado. Mas, infelizmente, hoje, o pessoal só respeita onde tem lombada, por causa das multas. Mas eu faço a minha parte e procuro andar sempre na direita”, diz.
Conscientização, Respeito e atenção
De acordo com a Delegacia de Crimes de Trânsito, o número de mortalidade no trânsito antes e depois da implantação das vias exclusivas para ciclistas e ônibus de transporte coletivo diminuiu. Em 2012, mesmo ano da construção dos corredores, o número de vítimas fatais foi 318. Em 2013, caiu para 275. No ano seguinte, 269; 221 em 2015 e, até o início de outubro de 2016, 190.
Uma redução de 40,2%.
Para a delegada Nilda Andrade, o que falta no trânsito é conscientização. “O que existe é falha humana. Cada um deve fazer a sua parte no sentido de obedecer. Não adianta ter sinalização se a pessoa não obedece. O transito é de todos e o problema é 100% falta de educação”, afirma.
O farmacêutico Cleidton Batista Campos, de 43 anos, é motociclista desde 1997 e, até o ano passado, fazia um percurso de 20 km por dia do município de Senador Canedo para trabalhar e estudar em Goiânia.
Acredita que nunca sofreu nenhum acidente no trânsito, devido ao seu respeito e atenção.
“Eu tento da maneira possível, fazer a minha parte e andar na faixa e velocidade certas. Se cada pessoa acatasse a sua responsabilidade no trânsito, respeitando os limites, não aconteceriam tantos acidentes como acontece”, alega o farmacêutico, que sugere também uma via exclusiva para motociclistas. “Infelizmente em Goiânia não tem um corredor específico para condutores de moto. Se tivesse um espaço só do motociclista, seria uma coisa muito boa”.
A esposa de Cleidton é habilitada na categoria “B” há 16 anos.
Com 41 anos de idade, Alessandra Moreira se orgulha da forma em que trafega. “Já evitei vários tipos de acidente. Já evitei que o trânsito acabasse com a minha vida e de outros passageiros”.
E dá dicas para evitar transtornos: “Você tem que andar nas vias permitidas, prestando atenção na velocidade, no seu retrovisor e na sua frente. Muitas vidas ceifadas pelo trânsito, infelizmente foi por falta de atenção ou de educação. Tem que dirigir não só por você, mas também pelos outros”, afirma.
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Pedestre também tem obrigação
Embora os pedestres tenham o seu lugar na calçada, para andar, e as faixas, nas quais têm preferência, para atravessar, alguns ainda escolhem se arriscar no meio da rua. Porém, quanto mais prudente for o pedestre, menor será o risco de envolvimento em acidentes.
“Tinha uma faixa a 50 metros de mim, mas eu e um monte de gente, com pressa, atravessamos no meio da rua”, relata Alessandra sobre um momento em que deixou de ser motorista para ser pedestre. “Eu sei que fui irresponsável. Lugar de atravessar é na faixa. Porém, se eu estivesse dirigindo, pararia no lugar certo e esperaria a turma passar”, conclui a dona de casa.
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