A história de uma jovem natural de Aparecida de Goiânia chocou o Brasil nesta semana.
Grávida de três meses, ela foi assassinada em julho e as investigações trabalham com a hipótese de que o autor seja o pai da criança ainda em gestação.
O enredo do crime choca ainda mais pela suspeita de que o crime esteja envolvido com um ritual satânico.
A Polícia Civil trabalha com a hipótese de que a vítima tenha sido mantida em cárcere privado e morta junto com a criança como “oferenda” à seita satânica da qual o casal fazia parte.
Proposta de emprego em Itanhaém
Atyla Arruda Barbosa tinha apenas 20 anos, mas já sonhava alto: queria ser advogada e auxiliar a família, que enfrenta graves problemas financeiros.
Movida pela ânsia de ajudar sua mãe, mudou-se em janeiro para Itanhaém, litoral paulista, a 1.010 km de Goiânia.
Lá, ela trabalharia na transportadora do casal de suspeitos, que também lhe ofereceriam teto para morar.
Segundo o delegado Ruy de Matos Pereira, que encabeça a investigação, Atyla passou a participar da seita, mas queria desistir.
Diante da negativa, o casal disse que ela teria que pagar com a própria vida em ritual satânico.
Morte
Seis meses depois da mudança, o corpo de Atyla foi encontrado à deriva em uma praia de Mongaguá, cidade vizinha.
Tudo apontava para afogamento acidental. Não era o caso.
Investigações da Polícia Civil concluíram que Atyla foi mantida em cárcere e assassinada pelo próprio chefe, um homem de 47 anos, com o consentimento da esposa do autor.
A motivação: além de ofertar o bebê em ritual satânico, o casal planejava receber um seguro de vida no valor de R$260 mil em nome da jovem.
Segundo a polícia, há indícios de que o pai da criança seja o próprio chefe da jovem.
Há também a hipótese de que a gravidez tenha sido oriunda de estupro.
Para que suspeitas não recaíssem sobre eles, o homem e a mulher se apresentaram como padrinhos da vítima e defenderam a tese do acidente na praia.
No entanto, segundo a investigação, o próprio chefe teria afogado a jovem no mar em meio a um nevoeiro.
Ritual satânico
As apurações do crime também revelaram que o casal ofertava “pactos com o demônio” nas redes sociais em troca de benefícios.
A esposa posava em fotos com trajes fantasmagóricos em meio a cenários ritualísticos.
Em grupos do Facebook, o casal fazia convites para interessados em se tornar “filhos pactuados de satanás”.
“Pare de brincar de Luciferiano e seja um Luciferiano de verdade”, aparece escrito em uma das postagens.
“Prosperidade, sucesso, prazer e poder” eram os atributos vendidos pela seita.
Mãe descobriu a morte da filha por acaso
A mãe de Atyla, a auxiliar de serviços gerais Selmair Arruda de Moraes, de 44 anos, acredita que sua filha, além de estuprada, tenha sido mantida em cárcere privado.
Ela diz ter desconfiado, durante conversas telefônicas, que Atyla estivesse sendo controlada.
Além disso, não há informação de algum vizinho das redondezas que tenha visto a jovem na região.
Desde o princípio, Salmair foi contra sua filha aceitar a proposta, que foi apresentada à jovem por intermédio de uma amiga.
“Ela ficou muito depressiva e triste depois que a gente perdeu tudo, financeiramente falando. Ela falava: ‘mamãe, eu vou, sim, porque quero ajudar a senhora”, relatou Selmair em entrevista ao “G1”.
Porém, ela e a mãe não sabiam que o sonho seria enterrado de maneira tão cruel.
A partir do momento em que Atyla rumou para Itanhaém, elas mantiveram contato regularmente.
Porém, um dia antes do afogamento na praia, 2 de julho, mãe e filha já não se falaram mais.
Selmair tentou, inúmeras vezes, retomar contato com a jovem, mas não conseguiu.
Foi então que juntou dinheiro emprestado de parentes e partiu para Itanhaém em 24 de julho.
Início da suspeita
Lá, foi à delegacia e apresentou os nomes da filha e do casal. Aguardou cerca de 15 minutos e, enfim, o baque: o delegado lhe informou que sua filha estava morta.
No boletim, constava que marido e mulher, os patrões, eram padrinhos da vítima. Selmair, no entanto, não os reconheceu e desmentiu o feito.
Foi a partir disso que a polícia começou a investigar o caso.
Após busca e apreensão na residência do casal, foram descobertos documentos em nome da mulher em que constavam o recebimento de apólices de seguro em nome de terceiros, entre eles o de Atyla, no valor de R$ 260 mil.
Investigação sigilosa
Uma laudo do Instituto Médico Legal apontou que a jovem estava grávida de três meses quando foi assassinada.
O casal foi encaminhado à Delegacia Sede de Mongaguá, onde segue preso.
Os nomes dos suspeitos não foram divulgados por causa das investigações de caráter sigiloso.
Há suspeita de que haja outras vítimas.
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