Lula: metamorfose do tudo ou nada
Ainda sob o impacto do turbilhão de notícias deflagrado a partir da 24ª fase da Operação Lava Jato, só há uma conclusão consistente: a zona de conforto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva virou aposta do tudo ou nada. Caso não seja preso nos próximos dias, tendo como base provas consistentes e irrefutáveis obtidas pelo juiz Sérgio Moro e demais investigadores, o petista conseguirá, sim, se transformar em vítima no processo de espetacularização das ações da Polícia Federal.
Arranjos familiares
Lula se julgava acima do bem e do mal, é fato, por isso seu depoimento forçado no Aeroporto de Congonhas provocou reações explosivas de grupos pró e contra o ex-presidente. O confronto que já existia nas redes sociais, bares, restaurantes e estádios de futebol foi definitivamente para as ruas, tonificando ainda mais a imagem do líder político que divide o país nesse momento. Lula deixou um legado de avanços e conquistas sociais em seus mandatos, entretanto arranjos familiares “nada republicanos” podem colocar tudo a perder.
Rejeição e aprovação
Pesquisa divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Paraná comprova o tamanho da metamorfose político-administrativa chamada Lula da Silva. Hoje 68% dos brasileiros não votariam “de jeito nenhum” no petista; outros 16% votariam “com certeza”, enquanto 13% “talvez” votariam. O cenário seria amplamente negativo se a maioria dos entrevistados – 35,8% – não admitisse que o petista foi o melhor presidente da República até agora
Café no bule
Traduzindo em miúdos: há uma inquestionável decepção de boa parte do povo brasileiro com o comportamento ético do ex-presidente Lula, mas nada que ofusque a memória dos bons ventos sociais e econômicos proporcionados por seus governos. Ao contrário da frágil e insegura Dilma Rousseff, a sucessora que perdeu as rédeas do governo logo após a reeleição, Lula tem café no bule para dar a volta por cima caso as provas contra ele não sejam suficientemente consistentes para levá-lo à prisão.
Cama elástica
Ainda é cedo para apostar todas as fichas no sepultamento político de Lula. Basta recordar o quanto algumas lideranças já foram execradas, entre elas Fernando Collor, Marconi Perillo e Demóstenes Torres, e pouco tempo depois receberam votações expressivas ou manifestações de apoio e compreensão. Uma cama elástica no fundo do poço costuma fazer a diferença na vida pública.
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