As imagens do interrogatório do ex-presidente Jair Bolsonaro na 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta 3ª feira (10), revelam mais do que palavras poderiam registrar.
O encontro cara a cara com o ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito que investiga tentativa de golpe de Estado e os ataques de 8 de janeiro de 2023, marcou um momento simbólico e tenso da política recente brasileira.
O semblante de Bolsonaro
Bolsonaro apareceu visivelmente contido.
Seu rosto transmitia uma mistura de tensão e cálculo.
A postura ereta, mas os olhos evitavam contato direto e prolongado com Moraes.
Não havia traço da figura expansiva e confrontadora de outros tempos.
Diante do STF, o ex-presidente adotou perfil mais comedido, quase submisso, como quem compreende a gravidade do cenário em que está inserido.
Alexandre de Moraes: firmeza e vigilância
Do outro lado da mesa, o ministro Alexandre de Moraes manteve sua já conhecida postura firme.
Seu semblante era de vigilância ativa, típico de quem conduz processo com domínio total dos autos.
O olhar era direto, por vezes desafiador, não como provocação, mas como demonstração de autoridade.
Não havia espaço para amenidades ou hesitações.

Luiz Fux: neutralidade atenta
Sentado ao lado, o ministro Luiz Fux demonstrava serenidade técnica.
Seu semblante era o de um magistrado experiente, ciente de que participava de momento histórico, mas sem transparecer qualquer emoção exacerbada.
A expressão concentrada indicava que observava não só o conteúdo do depoimento, mas também os gestos, as entrelinhas.

Paulo Gonet: o peso da instituição
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, manteve expressão sóbria.
Representando o Ministério Público, seu olhar parecia pesar cada palavra de Bolsonaro.
Não se tratava de confronto, mas de acompanhamento rigoroso.
A presença de Gonet reforçava o caráter institucional do momento: não era apenas um depoimento, era um ponto de virada simbólico entre poderes.

Olhares que julgam
As imagens, registradas por Fellipe Sampaio e Ton Molina, são um retrato emblemático do embate entre projeto pessoal e os limites institucionais da República.
Mais do que frases ditas, são os olhares e os gestos que contam a história silenciosa por trás do depoimento.
A fotografia política, neste caso, revela o peso do presente e os ecos de um passado ainda mal resolvido.
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