O ano de 2017 foi memorável para a televisão. Retornos, reencontros e desfechos marcaram a temporada para o que os estadunidenses gostam de chamar “prestige TV”.
Como em época festiva de fim de ano as listas são a melhor maneira de relembrar o que passou, confira o que essa coluna considerou as Melhores Séries de 2017.
LEIA MAIS: 5 séries que você não assistiu em 2017, mas deveria ter visto
7 Better Call Saul
Para quem insistia em rotular Better Call Saul como o eterno spin-off de Breaking Bad, o terceiro ano da série chegou para demarcar o novo território desbravado por Vince Gilligan.
Outro show de atuação, a série entregou um dos melhores episódios isolados do ano. “Chicanery” mostra Chuck (S03E05) desnudado pela sagacidade do nosso herói. Um misto de satisfação e vergonha que só uma série complexa como Better Call Saul poderia engendrar.
6 Big Little Lies
Como já citado aqui na semana passada, Big Little Lies é um tesouro pouco explorado. A minissérie da HBO não ganhou nem de longe a repercussão que o “milagre Netflix” geralmente dá até a seriados meia boca.
Mas quem assistiu é unânime na conclusão de que a série é uma verdadeira aula de audiovisual. Cenários, figurinos, fotografia, trilha e roteiro, tudo afiado a ponto de tirar o fôlego.
Se isso não fosse suficiente, o elenco é capaz de entregar diálogos e momentos de tensão que nem a melhor telenovela global conseguiria. E, quem não tinha respeito por estrelas do calibre de Reese Witherspoon, agora é a hora de rever os conceitos.
5 Better Things
Better Things chegou a uma encruzilhada em 2017. Com a derrocada de Louie CK, um de seus criadores, a série pode ter visto seu triste final nesta segunda temporada.
Por outro lado, a força incrível de Pamela Adlon no papel de Sam é bem capaz de superar o obstáculo. Ela brilha na sutileza surreal de um seriado sem pretensão alguma.
4 The Crown
Drama sobre a realeza britânica, The Crown conseguiu em 2017 a proeza de olhar para House of Cards, por muitos anos considerada o primeiro item no portfólio da Netflix, pelo retrovisor.
A série trouxe à tona com a costumeira elegância discussões sobre modernidade, pertencimento e propósito, tudo envernizado pela superprodução cujo esmero dá alegria de ver.
The Crown tem ainda o mérito agradar gregos e troianos, entretendo tanto aqueles que gostam de intrigas políticas quanto à la supramencionada House of Cards quanto os fãs de romances vitorianos sobre casamentos e vida bucólica palaciana.
3 The Handmaid’s Tale
Se por um acaso você ainda não viu The Handmaid’s Tale, veja. Sem dúvida, foi o produto de ficção com o discurso mais forte de 2017.
A série mostra uma teocracia em que as mulheres são escravas dos homens. Mais do que uma distopia distante ou um fábula com “moral da história”, é um olhar introspectivo sobre tudo o que nossa sociedade já é.
Curiosamente cientologista, Elisabeth Moss agora ostenta Peggy Olson e Offred em seu currículo. Daqui pra frente, o que vier com seu nome, é garantia de sucesso!
2 Twin Peaks
E então, 25 anos depois, voltamos a Twin Peaks. Aclamada pela crítica na década de 1990 como a série que inventou a televisão seriada nos EUA, Twin Peaks repetiu o feito em 2017.
Como muitos já definiram, o seriado pode ser melhor definido como um grande filme com 13 horas de duração. Mas essa não foi a única revolução promovida por David Lynch.
A verve Lyncheana, inclusive, sobrepôs as contribuições dramatúrgicas de Mark Frost para construir uma das experiências mais oníricas jamais testemunhadas por telas de LCD ao redor do globo.
O episódio 8, sem dúvida, deve virar peça de museus de arte contemporânea. Sua exibição tornou-se obrigatória em cursos de cinema e narrativa visual.
O primeiro lugar só não ficou com absurdamente deliciosa Twin Peaks pela máxima: a expectativa foi maior do que seria humanamente possível satisfazer. Um final frustrante também não ajudou.
Nos vemos daqui 25 anos!
1 The Leftovers
E a grande vencedora de 2017 é a subestimada The Leftovers, que chegou ao fim após mirrados três anos de duração.
A criação de Damon Lindelof e Tom Perrotta atingiu tão alto nível de drama que qualquer descrição das emoções sentidas durante suas três temporadas seria insuficiente. Mas o clichê ajuda: ela tem coração.
Como a colega de HBO Six Feet Under, Leftovers não é fácil de assistir. Maratonar, então, seria penoso. A beleza da série está na reflexão constate sobre a existência, coisa que não se faz no WhatsApp.
Tratando de fé, esperança, amor e solidão, a série dissecou seus personagens e tramas em tela para que nós, espectadores, víssemos pedaços de nossas vidas projetados ali.
Se hoje a TV e o cinema vão aos poucos perdendo capacidade de criar personagens ou roteiros memoráveis, a belíssima história sobre o arrebatamento trazida à vida pelo criador de Lost ficará para sempre como uma bússola de como cativar e ser, enfim, drama de qualidade.
Menções
Para não dizer que não falei das flores, alguns shows merecem menções honrosas entre as Melhores Séries de 2017.
É o caso de Bojack Horseman, Love, Vikings, South Park e Mindhunter, que tiveram boa evolução durante o ano e prometem ainda melhores horas de entretenimento nos anos vindouros.
A coluna é publicada semanalmente às quintas-feiras.
Acompanhe o Folha Z no Facebook, Instagram e Twitter
Discussão sobre isso post