Carga tributária no Brasil é uma das mais pesadas do mundo: Golf de R$ 82.790 tem R$ 40.018 de impostos embutidos
Comprar um carro é o sonho da maioria dos jovens brasileiros. Para se livrar da dependência do precário transporte público, muitos se sacodem para quitar prestações que às vezes passam de 48 meses. No fim das contas, incluindo licenciamentos, manutenção, seguro e combustível, o motorizado cidadão comum acaba desembolsando o valor aproximado de uma casa. Mas por que é que pagamos tão caro nos nossos carros?
Segundo a maioria dos especialistas, a resposta está na carga tributária. Um estudo divulgado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) diz que os impostos representam 28,1% do valor de um carro flex com motor 1.0 ou 2.0. Mas fique atento: uma lei sancionada neste ano obriga todos os empresários que vendem veículos a apresentar ao comprador quanto ele pagará de tributos na
Golf
Preocupados com essa sobrecarga de impostos, a Associações de Jovens Empreendedores (AJE) de Bagé (RS) organizou o Feirão do Imposto. A entidade promoveu ações para alertar os consumidores para o tamanho da carga tributária paga em vários produtos. Uma das atividades foi a exposição de um VW Golf e um cartaz que afirmava ser de R$ 40.018 a taxa paga no veículo, que custa R$ 82.790.
A lista de impostos mais parece uma sopa de letrinhas: PIS (Programas de Integração Social); ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação), IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social).
Lucro
Mas não é só isso. Segundo a consultora Jato Dynamics, fatores como tributos indiretos, infraestrutura precária, logística inadequada e alta demanda são outros vilões da história. Além da margem de lucro das empresas, que passa dos 15% em alguns casos e quase nunca é divulgada por elas. De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), o faturamento das montadoras no Brasil chega a três vezes a praticada nos Estados Unidos.
E mesmo com queda de mais de 18% nas vendas de carros no país, os preços não dão sinal de recuo. Para quem pensa em comprar um carro neste ano, o economista Luciano D’Agostini recomenda cautela. Com juros altos (e previsão de que continuem ou aumentem), o consumidor pode se enrolar nas contas e acabar inadimplente. “Com incertezas econômicas e políticas, o ano não está propício para financiamentos de longo prazo.”
Discussão sobre isso post