Por Thiago Araújo
Os números da loja Wanessa Lopez Closet, localizada na Avenida T-3, no Setor Bueno, em Goiânia, impressionam. São 220 mil seguidores e mais de 11 mil publicações nas mídias sociais. Além dos números, das fotografias atrativas e dos modelos das roupas, a quantidade de funcionários que atua na empresa de multimarcas também chama atenção. Apenas sete profissionais atendem via internet e presencialmente os milhares de consumidores que se interessam pelos produtos da marca.
A Wanessa Lopez Closet é um exemplo de negócio que acompanha a revolução digital e que se enquadra nas atuais transformações do mercado de trabalho. Um levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última quarta-feira, 18, apontou que os micro e pequenos empreendimentos têm movimentado as contratações no país. O percentual das pessoas que trabalham em empresas de pequeno porte subiu de 48,1% para 50,1% entre 2015 e 2016.
A vendedora Marina Cristina Vieira Lopes, de 25 anos, foi beneficiada com essa mudança na dinâmica do mercado. Há quase um ano a jovem ingressou na área de expedição da Wanessa Lopez. “Pouco tempo depois surgiu uma oportunidade de vendedora do e-commerce. Aceitei o convite e imediatamente comecei a atender os clientes da loja virtual por telefone, chat e e-mail. A função consiste basicamente em auxiliar na finalização dos pedidos e em dúvidas gerais sobre as roupas da loja”, conta Marina, que chegou a ficar dois anos desempregada antes de encarar o universo de vendas em lojas virtuais, que neste ano, conforme previsão da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), devem crescer 12% em relação a 2016, registrar mais de 200 milhões de pedidos e faturar R$ 59,9 bilhões.
As novas características do mercado apontadas pelo IBGE também favoreceram, de forma indireta, o vendedor Joaquim Araújo Gabriel Neto, de 22 anos. Morando em Goiânia há 4 anos, o jovem é representante comercial da Amávia Cosméticos, empresa especializada em produtos capilares. Um dos locais atendidos por ele é o estabelecimento comercial de pequeno porte Natulle Cosméticos, localizado no Setor Pedro Ludovico, na capital. “De forma indireta auxilio nas vendas da loja. Mantenho contato diariamente com as clientes via internet e pelo menos quatro vezes por mês visito a empresa para apresentar os novos produtos da marca. Com isso, ajudo a impulsionar as vendas da Amávia e contribuo para o crescimento geral da Natulle, uma empresa pequena que tem conquistado cada vez mais compradores”, explica.
Característica em comum
Além de apresentar um crescimento pujante, as empresas que garantem a permanência e atuação de Marina e Joaquim no mercado de trabalho mesmo diante do cenário de crise econômica vivenciado pelo país nos últimos dois anos têm outra característica em comum. As lojas Wanessa Lopez e Natulle são associadas à Câmara de Dirigentes Lojistas de Goiânia (CDL), instituição reconhecida por auxiliar os lojistas e oferecer gestão em telefonia móvel, Certificado Digital, cursos de aperfeiçoamento profissional, treinamentos e consultorias.
Com o apoio da entidade, por exemplo, a loja de roupas femininas tem suporte e acesso ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), que é a mais precisa ferramenta do mercado de análise de crédito com 130 milhões de consumidores cadastrados. “Embora seja uma empresa de pequeno porte, desfrutamos de inúmeros serviços oferecidos pela entidade para manter o bom índice de vendas. Hoje a nossa parceira com a associação está muito ligada às consultas de inadimplentes e nos recursos de cobrança”, explica a gerente financeira da Wanessa Lopez Closet, Lauriane Leão.
Enquanto o número de clientes endividados diminui, as vendas da loja, conforme pontua a gestora, não param de crescer. “Esse novo contexto foi possível graças à união entre a análise de créditos oferecidas pela CDL e a exposição de nossos produtos na internet. Dessa forma, criamos um ambiente favorável para que a boutique, que foi inaugurada há menos de três anos, passe a pensar em expansão”, comemora Lauriane Leão.
Crescimento coletivo
Assim como a loja Wanessa Lopez, outras seis mil empresas de Goiânia são associadas à CDL Goiânia, de acordo com dados da própria entidade. Estruturadas de forma coletiva, o país tem cerca de 300 mil organizações desse tipo trabalhando por diversas causas e setores da sociedade, segundo o último levantamento de Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil, feito pelo IBGE e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Para o advogado Silvio Neto, essas associações contribuem para manter vivos os espaços culturais e de solidariedade profissional na sociedade atual. “Mais que pessoas jurídicas de direito privado, as associações são organizações que demonstram firmes sinais de representatividade social”, pontua. Segundo o especialista, as entidades comerciais e industriais, por exemplo, incentivam o aumento do comércio e conscientizam as pessoas sobre a importância de se comprar produtos em estabelecimentos locais. “Dessa forma, essas organizações contribuem para o crescimento da oferta de novos empregos em uma determinada região”, acrescenta.
No caso da CDL, o principal objetivo da instituição, segundo confirmou a gerente Administrativo Financeiro da entidade, Hélia Gonçalves, em entrevista ao Folha Z, é garantir robustez à economia de Goiás com soluções assertivas para que as decisões tomadas pelos empreendedores sejam inovadoras. “A Câmara de Dirigentes Lojistas de Goiânia é uma entidade criada para defender a classe lojista e seus interesses político-institucionais, visando o desenvolvimento do setor. A nossa missão é colaborar com o desenvolvimento e a sustentabilidade dos negócios de nossos associados”, analisa.
Além de cursos e suporte na área de análise de créditos, a entidade encomenda pesquisas de intenção de compras em datas especiais e desenvolve campanhas promocionais a fim de fomentar o mercado varejista, atacadista e de serviços em Goiânia e Região Metropolitana. Neste ano, entre os dias 1º e 15 de setembro, a associação promoveu a campanha “Quinzena do Cliente”. Ao todo, 27 consumidores que realizaram compras durante o período foram premiados.
Durante a ação, a gerente de Negócios da CDL Goiânia, Dina Marta Correia Batista, explicou que a campanha teve como objetivo estimular o mercado, contribuir para que as empresas aumentassem o faturamento e fidelizassem seus clientes em um período conhecido pelo baixo consumo. “A CDL Goiânia acredita no momento de retomada do crescimento e desenvolveu a campanha como mais uma forma de motivação para movimentar o comércio e contribuir para o crescimento da economia”, destacou na ocasião.
De acordo com a gerente financeira da Wanessa Lopez Closet, Lauriane Leão, a promoção de ações semelhantes são importantes pois atraem mais clientes. “Para isso acontecer, as propostas precisam ser atrativas e reunir recursos compensatórios. Na última campanha criada pela CDL Goiânia as empresas que participaram tiveram direito a cursos de vendas. Além de todos os benefícios, a iniciativa ajuda na profissionalização dos colaboradores da loja”, observa.
Para o fim do ano, especificamente no mês de dezembro, a CDL Goiânia promoverá o “Feirão de Crédito”. A ação terá como finalidade contribuir para que o comércio local reduza sua inadimplência e o consumidor retome o seu crédito e resgate seu poder de compra. “Assim, as pessoas terão condições de voltar a comprar e, consequentemente, movimentar as vendas no final do ano”, completa a gerente Hélia Gonçalves.
Recuperação da economia
Graças ao fortalecimento do comércio varejista, por intermédio de entidades como a CDL Goiânia, e realização de investimentos no agronegócio e na indústria de alimentos e de farmoquímicos, Goiás já demonstra sinais positivos na economia após a crise que abalou o país em 2015. Um levantamento divulgado pelo Instituto Mauro Borges (IMB) no início deste mês aponta que o Produto Interno Bruto (PIB) de Goiás cresceu 1,4% no segundo trimestre de 2017, enquanto o do Brasil obteve crescimento de apenas 0,3%, em comparação ao mesmo período de 2016.
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Previdência Social, foram gerados, no Estado, 45.776 colocações com registro em carteira de janeiro a setembro de 2017, representando um acréscimo de 3,85% em relação ao ano passado. Apenas no mês de setembro, o comércio criou e contratou profissionais para 139 vagas.
Ainda de acordo com a gerente Administrativo Financeiro da CDL Goiânia, Hélia Gonçalves, os dados comprovam que a roda da economia está voltando a girar. “Os bons resultados são garantidos quando o desenvolvimento do comércio é promovido a partir de soluções e serviços inovadores e revolucionários“, acredita. Como exemplo de iniciativas que têm impulsionado a economia, a gestora cita o “Negociar Dívidas On-line“, serviço da CDL que, de acordo com ela, impacta na redução da inadimplência e disponibilidade de crédito no mercado. “Desta forma, contribuímos para que as empresas cresçam e aumentem sua capacidade de gerar empregos e elevar o PIB do Estado”, finaliza.
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