De acordo com o Ministério Público de Goiás, parte dos R$ 2,2 bilhões movimentados pelas Associações Filhos do Pai Eterno (Afipes) na última década foi usada para efetuar cerca de 1,2 mil transações imobiliárias, entre elas a compra de uma fazenda de R$ 90 milhões.
A propriedade, porém, foi só uma das mais de 50 fazendas adquiridas em nome da entidade.
O terreno, localizado em Caiapônia, no sudoeste goiano, está à venda.
Levantamento do MP apontou que a fazenda tem área de 12 mil hectares, mais da metade preparados para a pastagem.
Além disso, ainda há 150 nascentes e acesso a rios dentro do perímetro.
Currais, abatedouro, alojamentos, fábrica de ração e quase 70 km de estradas internas completam o patrimônio das terras.
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Investigação
Foi por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que o MP iniciou investigação sobre possíveis crimes de apropriação indébita, lavagem de capitais, organização criminosa, sonegação fiscal e falsidade ideológica praticadas pelos dirigentes das Afipes.
Desencadeada há 1 semana, a Operação Vendilhões cumpriu mandados de busca e apreensão e obteve o bloqueio judicial de R$ 60 milhões em bens imóveis e valores em contas bancárias dos envolvidos.
De acordo com o promotor de Justiça Sebastião Marcos Martins, na análise da movimentação financeira das Afipes, o Gaeco descobriu uma grande teia de movimentações financeiras.
As transações envolveram a compra e venda de imóveis em Goiás e outros Estados, a aquisição de um avião, cabeças de gado e emissoras de rádio, além de transferências de valores entre contas bancárias.
Em buscas a uma residência ligada ao padre Robson em Trindade, os promotores encontraram banheira de hidromassagem, piscina aquecida na área interna e banheiro de mármore.
Outra compra investigada é a de um imóvel de R$ 2 milhões na Praia de Guarajuba, na Bahia, que teria sido quitada à vista pela Afipe, em 2014.
Defesa
Advogado responsável pela defesa do padre Robson, Pedro Paulo Medeiros ressaltou que não existe qualquer irregularidade com as movimentações financeiras efetuadas em nome da Afipe.
Ele ainda afirmou que o padre ainda não foi ouvido pelo MP.
“A defesa teve acesso ao inquérito próprio apenas agora. Tão logo os advogados acessem todas as suposições do Ministério Público do Estado de Goiás, as informações necessárias serão esclarecidas. O padre Robson é o maior interessado na verdade e na transparência, tanto que já solicitou ao MP que seja ouvido, o que não foi agendado ainda”, disse o advogado.
Em entrevista ao Fantástico no domingo (23), padre Robson negou qualquer irregularidade na gestão das finanças da Afipe ou dos recursos destinados às obras do santuário.
“Respeito muito o Ministério Público, mas acredito que eles vão constatar que não existe essa ação”, afirmou.
O religioso ainda argumentou que nunca usufruiu do dinheiro recebido pela instituição para prazeres pessoais.
“Não tenho nada no meu nome. Não tenho patrimônio. Falam de casa de luxo, mas são ambientes bons para descansar, sobreviver e descansar”, disse.
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