Por: Governador do Estado de Goiás, Marconi Perillo
Parece até que a esperança que pousou na jaqueta do astro inglês Paul McCartney, durante o espetáculo do Estádio Serra Dourada, na segunda-feira, queria interpretar os comovidos agradecimentos dos goianos e retribuir o carinho com o qual ele nos tratou, esforçando-se para pronunciar (e pronunciar bem) as palavras Goiás, Goiânia e goianos.
Presenciamos, enfim, um momento marcante e histórico. Confesso que realizei um dos meus sonhos. É gratificante fazer parte deste espetáculo, recordar coisas do começo da minha juventude, realizar reflexões de quanto é importante preservarmos e cultivarmos a cultura. E, assim fazendo, manter a luz que emana de versos como dos Beatles e, também, de nossa imortal Cora Coralina.
Devo lembrar que, como gestor, devemos incentivar nosso crescimento tanto cultural quanto espiritual. Nem só de obras físicas se faz uma cidade, um Estado e um povo. Ao contrário, a cultura deve ser a base de tudo – é dela que se constrói o caráter, que se forjam os princípios humanos, a espiritualidade e se desenvolve a habilidade de viver em comunhão.
Devo lembrar que não houve gasto de dinheiro público; cedemos o Estádio Serra Dourada e cuidamos do policiamento. Buscamos o apoio da iniciativa privada.
Gostaria que, na segunda-feira que passou, todo o Estado de Goiás pudesse ter ido ao Serra Dourada. Talvez seja esta minha maior frustração agora, na medida em que sabemos ser impossível aquele espaço comportar tantas pessoas.
Paul é o maior ídolo pop vivo. É idolatrado por músicos mais experientes e mais jovens. Idosos, avôs, crianças, adultos, todos estiveram, física ou espiritualmente, no Serra Dourada.
Não vou aqui gastar o tempo do leitor dizendo o quanto algumas de suas músicas foram importantes para meu crescimento como ser humano, quantas delas nos fizeram e fazem recordar dos pais, esposas, filhos e mesmo amigos. As músicas de Paul são coloridas e festivas, como All Together Now, mas também tocantes, caso de Let it Be e Eleanor Rigby. Ainda agora não me sai da cabeça a melodia da recente My Valentine ou a sempre arrebatadora Hey Jude, que fez o público goiano se arrepiar e cantar em uníssono.
Goiânia está de parabéns. Teve todo o direito ao privilégio de ser uma das três capitais brasileiras a receber o astro inglês. A capital começa a celebrar os 80 anos de sua fundação com uma apresentação inesquecível e digna.
Beneficiaram-se todos. O setor hoteleiro quase completou sua lotação e comemorou a presença de fãs de países da América Latina e até da Europa e dos Estados Unidos. Os taxistas trabalharam com inúmeras corridas, vendedores lucraram com tanta gente, e geramos emprego e trabalho temporário em plena segunda-feira. Até a violência foi menor, mostrando o quanto a arte nos civiliza.
Gostaria de revelar aqui um pouco dos bastidores e de como as coisas acontecem. Muitas vezes, shows como esse de Paul McCartney ocorrem devido à boa vontade, ao interesse, disposição e ímpeto de empresários, gestores, outros artistas e agentes culturais.
Lembro-me de uma vez, em viagem a Paris, na década passada, onde participaríamos do Ano do Brasil na França. Encontrei Milton Nascimento no avião. E então fiz o convite para que ele se apresentasse em Goiânia.
Convite feito, tempos depois ele esteve em Goiás, como um dos destaques do Fica e do Canto da Primavera. Sempre que possível, de fato, procuramos incentivar a presença dos grandes nomes da música e da arte. Da mesma forma que os produtores e artistas, também não meço esforços. Valorizo a cultura, as festas populares e religiosas, como as de Muquém, Trindade, as Cavalhadas, o TeNpo, o Fica e o Canto da Primavera, entre outras.
No caso do show de Paul McCartney, a iniciativa privada e o governo deram-se as mãos e caminharam juntos. Vamos buscar atrair todos os grandes eventos, teremos disposição de colocar o Estado na rota dos maiores espetáculos da Terra e já realizamos aqui um convite antecipado para Paul retornar. Ele nos confidenciou que prepara um novo disco. Estamos aguardando.
E que fiquem abertas as portas de Goiás para os cantores e também para bandas famosas do mundo, para as grandes peças de teatro, orquestras, balés e outros espetáculos. Estamos preparados para recebê-los.
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