Neymar, Serginho e os 12 milhões por medalha
O camisa 10 da seleção brasileira tem o seu valor. Neymar foi decisivo para o triunfo olímpico no Maracanã. Mas a conquista serviu para cristalizar em sua imagem, definitivamente, o despreparo com as palavras em momentos decisivos. “Eu estou aqui” e “Vocês vão ter que me engolir” são duas frases arrogantes que sintetizam a enorme dificuldade do atacante em lidar com críticas e cobranças. Neymar se igualou negativamente aos maiores camisas 10 do futebol mundial: Pelé e Maradona. Excepcionais com a bola nos pés e desequilibrados com a boca aberta.
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Prepotência x serenidade
O também campeão olímpico Serginho, agora aposentado de uma vez por todas, ensinou a Neymar no dia seguinte o caminho humilde dos atletas carismáticos. “A única certeza é que venceu a dedicação coletiva e amanhã (segunda) estarei, realizado, buscando o meu filho na escola”. Declaração diferenciada de um jogador de vôlei exemplar, dono de duas medalhas de ouro e inúmeros títulos mundiais. Amigo de Neymar, o levantador Bruninho ouviu tudo ao lado de Serginho e concordou com a cabeça. Filho do técnico Bernardinho, ambos muito contestados, ele compreendeu a enorme diferença entre a prepotência e a serenidade de dois vencedores.
Cobrança proporcional ao ganho
E jogador de futebol precisa, sim, ser cobrado ao extremo em função dos seus privilégios. Onde já se viu cada atleta da seleção receber R$ 500 mil pela conquista da medalha de ouro? A premiação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é de R$ 12 milhões, distribuídos aos 18 jogadores e demais integrantes da comissão técnica. Como comparativo, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) disponibilizou R$ 35 mil para cada atleta que chegasse ao pódio, independente da cor da medalha. Jogadores e auxiliares técnicos estão muito bem pagos para suportar a exigência por resultados.
Mídia que discrimina
Sucesso de público e de crítica, os Jogos Olímpicos Rio-2016 também deixam uma lição para a imprensa brasileira. As 19 medalhas conquistadas – 7 de ouro, 6 de prata e 6 de bronze – merecem uma nova configuração na cobertura de outras modalidades. É necessário por fim à destinação de 70% do tempo diário para assuntos relacionados ao futebol e 30% aos demais esportes. Os ídolos não param de brotar por todos os cantos, muitos solenemente ignorados.
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