Um adolescente de 16 anos sentado no degrau da porta do ônibus que faz a linha Terminal Garavelo/Centro. Um jovem conhecido como “Di Menor”, de 18 anos, preso pela polícia acusado de envolvimento em 20 homicídios. Eles não se conhecem, mas o comportamento frio e irresponsável diante de regras básicas de convivência em sociedade os aproxima de forma preocupante.
Pode parecer exagero afirmar, mesmo sem conhecer a fundo a realidade, que um adolescente se apresente como futuro infrator de leis. Isso se já não o é, porém me abstenho de qualquer pré-julgamento. O nosso personagem permaneceu impassível diante de inúmeros pedidos para que liberasse o trânsito dos passageiros, em sua maioria mulheres. O olhar continuou distante, um tanto irônico, mesmo com insistentes acenos para que facilitasse o democrático direito de ir e vir.
Na gíria popular ele “queria briga”
Recuperando-se de acidente e visivelmente contrariada, uma passageira exigiu que o adolescente levantasse. O motorista fechou a porta e os demais usuários tomaram as dores da mulher. Percebendo o clima pesado, o garoto finalmente saiu do caminho, não sem antes proferir alguns palavrões em voz baixa. Na gíria popular ele “queria briga”, não se sabe por uma questão de índole própria, pela má educação que recebeu ou pelos péssimos exemplos que a sociedade lhe apresenta diariamente.
Enquanto isso o bandido “Di Menor” exibia frieza semelhante aos policiais e à imprensa no 20º DP do setor Sudoeste. O mesmo olhar distante e nenhum incômodo pela autoria e/ou participação em cerca de 20 homicídios. Não existe remorso, arrependimento ou algo parecido para a geração do “tanto fez, tanto faz”. Sentar na escada do ônibus para incomodar usuários do transporte coletivo tem o mesmo significado que mandar pessoas para o cemitério. Simples (e triste) assim.
Dois anos, especificamente 730 dias, é a diferença de idade entre os protagonistas das duas histórias da vida real. Existe uma linha tênue entre o adolescente rebelde de hoje e o assassino “Di Menor” de amanhã. No meio do caminho as polícias Civil e Militar cansadas de prender bandidos e no dia seguinte vê-los soltos novamente.
Presídios nos quatro cantos do país
Enquanto autoridades da nossa “Pátria Educadora” pregam como única solução privatizar e, ao mesmo tempo, quintuplicar o número de vagas em presídios nos quatro cantos do país, não seria mais simples ensinar às crianças e aos adolescentes o respeito ao próximo tanto no ônibus como em outros ambientes da sociedade? Afinal, educação cabe em todo lugar e resolve qualquer perlenga. A frase é batida, mas não existe outro remédio
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