Aldeído glutárico, glutaraldeído ou glutaral. Parece só mais um daqueles nomes estudados nas aulas de química no colégio.
Mas substâncias como essa viraram frequentadoras assíduas de salões de beleza em Goiânia e Aparecida.
Com o objetivo de alcançar um padrão estético, esses produtos são usados indiscriminadamente em alisamentos capilares.
Conhecido como glutaral, o glutaraldeído pode ser comumente encontrado em vários produtos alisadores clandestinos.
Isso porque, com o banimento do formol, ele ganhou destaque.
O problema é que a sua fórmula é 10 vezes mais forte que a do formol.
Trata-se de uma substância utilizada para desinfecção a frio de materiais hospitalares.
Ele é tão potente que é capaz de esterilizar produtos contaminados com o vírus HIV.
É mais barato
Mas a questão é mais complexa.
Segundo a cabeleireira Florasi Lopes, a aplicação de substâncias ilegais, como o glutaral, é muito mais barata do que outros procedimentos menos agressivos.
Assim, produtos proibidos chegam a custar quatro vezes menos que os legalizados.
Além do preço, os resultados também são sedutores: o liso é muito mais intenso com a aplicação irregular desses potentes elementos.
No entanto, os prejuízos são maiores do que os ganhos.
Glutaral faz mal
De acordo com a dermatologista Beatriz Justino, o glutaral pode acarretar intoxicação interna, além de dermatite, fratura do fio e queimaduras.
A médica alerta os principais sintomas:
- náuseas,
- vômitos,
- boca amarga,
- dor abdominal e de cabeça,
- feridas na boca,
- olhos e nariz,
- desmaios.
Além disso, ainda existe um risco potencial de câncer das vias aéreas superiores.
Anvisa
A porta-voz da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Lílian de Macedo, também destaca o risco.
A legislação sanitária permite o uso de formol e glutaraldeído em cosméticos apenas na função de conservantes (com limite máximo de 0,2% e 0,1%).
Lilian lembra que a adição de qualquer substância a um produto pronto para o uso constitui infração sanitária.
Por isso, essa adulteração configura crime hediondo.
Para a representante da Anvisa, o conselho é ler e seguir as instruções de uso e dar muita atenção às precauções e advertências que constam na embalagem.
Os produtos cosméticos registrados devem estampar obrigatoriamente, na parte externa, o número de registro.
Essa numeração sempre começa com 2 e tem 9 ou 13 dígitos (exemplo: 2.3456.9409 ou 2.3456.9409-0001).
Lei
De acordo com a legislação da Anvisa, as substâncias com propriedades alisantes permitidas são os hidróxidos de sódio, potássio, cálcio, lítio e guanidina e o ácido tioglicólico.
Já os Produtos que foram notificados como inadequados possuem a inscrição “343/05” na embalagem e não podem ser indicados para alisamento capilar.
Alternativas ao glutaraldeído
No Salão da Flor, no Jardim Buriti Sereno, em Aparecida de Goiânia, a procura é grande pelo tratamento que reduz o volume do cabelo.
A proprietária, Florasi, não usa formol ou glutaral.
Para ela, o importante é o bem-estar das clientes e também a própria saúde.
Ela estimula as interessadas no liso perfeito a fazerem procedimentos que restaurem o cabelo e devolvam saúde e beleza aos fios.
São métodos como botox capilar, relaxamento, selagem e cauterização a laser.
Mas quem não segue esses conselhos chega em desespero ao Salão da Flor.
Segundo a cabeleireira, algumas clientes apresentam até queda de cabelo.
Para a profissional, a solução é tratar bem das madeixas.
“Não existe alisamento definitivo, os fios sempre nascem com a aparência natural nas raízes”, pontua.
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