Comandante de policiamento de Goiânia, o coronel da Polícia Militar Durvalino Câmara avalia que os policiais que balearam e mataram um homem em surto psicótico em Goiânia na última 3ª feira (2) não estavam preparados para lidar com a situação.
Vigilante e ex-lutador de MMA, José Carlos de Lima, de 48 anos, morreu ao ser baleado na barriga por 2 policiais militares no Jardim América.
A ação foi gravada por transeuntes que testemunharam a ocorrência.
De acordo com o comandante, os militares em questão não receberam treinamento diferenciado para este tipo de ocorrência.
Esse preparo é dado a equipes especializadas, como o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e as Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam).
“Aquela equipe não estava preparada para lidar com um indivíduo em surto psicótico e naquele porte físico. Lamentamos a morte da pessoa, que poderia ser evitada se tivesse a equipe certa naquele momento”, avaliou.
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Situação de legítima defesa no caso de homem em surto
Segundo o coronel, porém, os policiais agiram em legítima defesa, pois, no momento dos disparos, o vigilante se posicionou entre a viatura e os PMs, que estavam de costas para um muro.
“O policial masculino atirou em legítima defesa e a policial feminina atirou em legítima defesa de seu companheiro que estava ali. Esse indivíduo, de porte físico avantajado, vai se aproximar de mim e correr o risco de tomar meu armamento?”, questionou.
De acordo com Durvalino, seria muito difícil balear apenas os membros inferiores do vigilante, visto que ele estava em constante movimento.
“Uma hora ele estava deitado, outra ele levanta. Ele é instável o tempo inteiro. Ele vai embora, volta e sobe na viatura. Um disparo em movimento é muito difícil conseguir alvejar membros inferiores. Isso não nos é ensinado. Na dinâmica da rua, operacionalmente falando, é inviável”, justificou.
Ainda conforme o comandante, o Bope e a Rotam haviam sido acionados, mas não houve tempo suficiente para que as equipes chegassem.
Afastamento dos PMs envolvidos
Após a ocorrência, os agentes foram afastados do serviço de rua e serão serão enviados para avaliação psicológica de rotina.
“Foi instaurado inquérito para avaliar a conduta dos PMs e será remetido ao Judiciário para decidir ou não pela denúncia de homicídio ou se estão amparados pela excludente de licitude”, apontou o comandante.
Relembre o caso ocorrido no Jardim América
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A situação ocorreu por volta das 10 horas de 3ª feira (2), na Rua C-131.
Vídeos mostram José Carlos de Lima correndo, pulando, jogando-se no chão e subindo no capô da viatura da PM.
Segundo a corporação, o chamado inicial falava de um homem que estaria deitado e lesionado no chão após supostamente ter agredido outra pessoa e estragado o carro dela.
Foi então que a dupla de policiais do 6º Batalhão foi direcionada para o local.
Por meio de nota, a PM informou que, “no momento da abordagem, o agressor não estava amarrado, demostrando um comportamento incontrolável e violento, desconsiderando toda e qualquer ordem realizada pelos policiais na tentativa de controlar a situação”.
“Pode-se analisar nas imagens que o homem saltou sobre a viatura e ficou pulando, ato seguinte, foi em direção a um dos policiais no intuito de agredir o PM, momento este em que os policiais não tiveram outra opção e, para resguardar a própria vida e de terceiros, efetuaram dois disparos no agressor”, diz a nota.
Acionado, o socorro médico apenas constatou o óbito no local.
Um inquérito policial militar foi instaurado para apurar “todas as circunstâncias do fato ocorrido”.
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