Programa de “muy amigos”
Não foi a primeira e nem será a última tentativa de reconciliação entre a turma do Galvão e o grupo do Dunga. Os sorrisos amarelos após o término do programa Bem, Amigos!, exibido na noite desta segunda-feira (16) pelo canal fechado Sportv, revelaram que ainda há um longo caminho para consolidar uma convivência pacífica. Os comentaristas Casagrande e Marco Antônio Rodrigues (Bodão) não perderam a oportunidade para alfinetar o comando técnico da seleção, enquanto o treinador Dunga e o coordenador Gilmar Rinaldi deixaram claro que falta “informação e democracia” para embasar as opiniões na emissora.
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Imprensa negativista
A maior parte dos pupilos de Galvão Bueno, incluindo o próprio narrador, considera o trabalho realizado pelo técnico Dunga à frente da seleção brasileira como fraco e sem futuro. Isso ficou explícito no calor dos debates, com alfinetadas pra todos os lados. Casagrande e Gilmar não apenas divergiram como se exaltaram sobre os prós e os contras do time brasileiro no empate em 2 a 2 com o Paraguai. Dunga reiterou várias vezes que a imprensa é negativista e insaciável. Galvão, por outro lado, questionou o vácuo no comando da CBF por infindáveis suspeitas de corrupção.
Limitado e birrento
Trocando em miúdos: os dois lados têm razão nas críticas e isso inviabiliza uma relação harmoniosa. O técnico Dunga realmente é limitado e odeia ser contrariado nos mínimos detalhes. Pegou birra de jogadores como o goleiro Jéferson, o ala Marcelo e os zagueiros Thiago Silva e David Luiz. E ainda por cima é obrigado a tolerar as manias do atacante Neymar, a estrela intocável da companhia. Dunga e Gilmar trabalham sob tensão porque têm consciência que não resistem a três resultados negativos de forma consecutiva, condição que os transforma em profissionais previsíveis e conservadores.
Guerra de gerações
E ainda por cima impera uma mágoa profunda entre os tetracampeões mundiais de 1994, no caso Dunga e Gilmar, e a geração de Casagrande e Júnior. O treinador não aceita a maneira jocosa como os comentaristas se referem à conquista nos EUA, isso por ter ocorrido nos pênaltis e com futebol vistoso apenas dos atacantes Romário e Bebeto. Dunga não tira da boca exemplos relacionados a jogadores como Mauro Silva e Zinho, enquanto os analistas abusam das comparações envolvendo Zico, Falcão e Sócrates, craques que não sentiram o gosto de ganhar uma Copa do Mundo.
Tolerância forçada
A única certeza é que os dois lados, irredutíveis em seus pontos de vista, terão de se tolerar pelo menos até o término da Copa América do Centenário e dos próximos jogos das Eliminatórias. Caso aconteça novo vexame nos torneios, a exemplo das últimas competições oficiais, a turma do Galvão terá motivos de sobra para abrir boas garrafas de vinho após o “Muy Amigos”, ou melhor, “Bem, Amigos!”.
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