Quem acompanha os bastidores do poder em Brasília não tem a menor dúvida: a contar de hoje, os próximos 10 dias irão definir o tempo de vida útil que resta ao governo da presidente Dilma Rousseff. E a sinalização foi dada ontem pelo vice Michel Temer ao suplicar aos líderes políticos, quase de joelhos, um “entendimento acima de questões partidárias para enfrentar a crise”. Tarde demais em se tratando do universo conspiratório da capital federal.
E o principal entrave para qualquer acordo está na própria Dilma. Sem carisma e habilidade política, ela participa de cafés, almoços e jantares com parlamentares e não consegue um milímetro de apoio. A presidente se julga superior ao universo político, ao jogo de faz-de-conta que marca a relação entre Executivo e Congresso Nacional. A gerentona, se um dia chegou a ser, tem ojeriza ao ritual partidário e nem sequer disfarça sua impaciência com o jogo do poder.
Enquanto isso cresce a sequência de explosões na direção da presidente: bomba na Lava Jato, bomba na economia, bomba na popularidade e bomba no apoio partidário. Até mesmo os pragmáticos PTB e PDT, donos de cobiçados 44 votos, assumiram papel “de independência” junto ao governo apenas para valorizar seus passes no momento de turbulência que se intensifica em Brasília.
Dilma está só. Nem Lula nem Temer nem Mercadante seguem sua cartilha. FHC faz elogios pra “inglês ver”. Governadores posam para foto com a presidente sem maior comprometimento. Eliseu Padilha, ministro-operador, já avisou que deve chutar o balde a qualquer momento. Parlamentares de situação e oposição discutem impeachment dia e noite. Em síntese: todos aguardam apenas a dimensão das manifestações populares, que acontecem no dia 16 de agosto, para definir se desligam ou não os aparelhos que ainda mantêm o Governo Dilma respirando.
Rápidas
… O senador Romário (PSB-RJ), quem diria, foi o responsável por escancarar a ausência de ética que tomou conta dos profissionais da Revista Veja. Credibilidade jogada na lata do lixo.
… Governistas até idealizaram homenagem simbólica às vítimas do ataque nuclear ao Japão, ocorrido há 70 anos. Mas desistiram com receio de comparações com as atuais bombas disparadas contra a presidente Dilma Rousseff.
… Pré-candidato favorito do PSDB para 2016, Jayme Rincón tem tentado contornar a forte rejeição ao seu nome entre os deputados estaduais da base aliada. Chamam, abertamente, o presidente da Agetop de candidato do bolso do colete de Marconi e anunciam corpo mole na eleição.
… Como de praxe, o ex-governador Iris Rezende incentiva no PMDB divulgação de posições favoráveis ou contrárias sobre o lançamento de seu nome à Prefeitura de Goiânia. Ele acredita que a dúvida lhe traz dividendo político.
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