O Senado Federal vota nesta 4ª feira (25) o projeto de lei que amplia o número de cadeiras na Câmara dos Deputados.
Atenção: Ao copiar material produzido pela Folha Z, favor citar os créditos ao site. Bom jornalismo dá trabalho!
A proposta eleva de 513 para 531 o total de parlamentares, mas a redistribuição das vagas entre os estados não segue critérios técnicos claros, segundo apontam parlamentares e especialistas ouvidos pela Folha Z.
Apesar do aumento, o novo texto não define com transparência a metodologia de cálculo utilizada para redistribuir as cadeiras. E o resultado disso já gera insatisfação.
Goiás perde espaço
Com 7.056.495 habitantes, Goiás ficou com apenas 18 cadeiras, número inferior ao que o estado deveria ter com base no Censo 2022 e no Quociente Populacional Nacional (QPN).
Pelo cálculo proporcional, Goiás teria direito a 19 deputados federais: 18 na divisão direta e mais uma vaga na redistribuição das sobras.
O número reflete na divisão das vagas na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), que aumenta conforme o número de representantes em Brasília.
Parlamentares goianos ouvidos pela reportagem classificaram a divisão como injusta e desequilibrada, expondo a falta de um critério técnico objetivo.
Para eles, a proposta foi desenhada para evitar a perda de cadeiras em estados específicos, mas acabou criando novas distorções na representatividade.
Cálculo revela discrepâncias
A conta é simples: a população brasileira atual, de 203.080.756 habitantes, dividida pelas 531 cadeiras, gera um quociente de aproximadamente 382.449,63 habitantes por vaga.
Aplicando essa lógica, Goiás ficaria com 18,45 cadeiras, o que justificaria a 19ª vaga.
Mas essa não foi a lógica seguida no texto aprovado.

Paraíba com mais cadeiras que estados maiores
A Paraíba, por exemplo, com 3.974.687 habitantes, será representada por 12 deputados.
Já o Espírito Santo, com população praticamente igual (3.833.712), terá apenas 10 cadeiras.
Situação semelhante ocorre com o Amazonas, que tem 33 mil habitantes a menos que a Paraíba, mas ficará com apenas 10 vagas.
A disparidade gerou questionamentos sobre possível favorecimento político.
A Paraíba é o estado do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), e também do autor do projeto que ampliou as cadeiras, deputado Damião Feliciano (UB).
No Senado, o texto foi relatado por Marcelo Castro (MDB-PI), representante do Piauí, um dos estados que inicialmente perderiam assentos na divisão proporcional.
No seu relatório, o emedebista justifica o aumento em 3 premissas:
-
1) não redução das bancadas atuais;
-
2) suprimento das vagas aos Estados sub-representados conforme a população divulgada no Censo de 2022, o que significou o acréscimo de catorze vagas à Câmara dos Deputados;
-
3) correção de distorções do referido acréscimo, de maneira que nenhuma unidade da federação com população maior que outra possa deter bancada menor, o que significou o acréscimo de mais quatro cadeiras.

Redistribuição evita perdas, mas gera novos desequilíbrios
O aumento de 18 cadeiras teve como principal argumento evitar a perda de 14 vagas por parte de 7 estados:
- Alagoas (-1)
- Bahia (-2)
- Paraíba (-2)
- Pernambuco (-1)
- Piauí (-2)
- Rio de Janeiro (-4)
- Rio Grande do Sul (-2)
Contudo, a forma como as novas cadeiras foram distribuídas não seguiu à risca o critério proporcional, como previa o Artigo 5º do projeto, que determinava o uso de quociente análogo ao das eleições proporcionais.
Na prática, estados com direito a mais deputados pela população acabaram sub-representados, enquanto outros foram beneficiados sem justificativa técnica evidente.
É o caso do Paraná, que ganhou uma vaga mesmo sem constar entre os mais populosos da lista de crescimento.
Folha Z já havia alertado
Em novembro de 2024, a Folha Z publicou uma projeção com base no Censo 2022 e na aplicação correta do quociente populacional.
Segundo esse levantamento, a distribuição ideal das 531 cadeiras seria:
- Amazonas (+3)
- Ceará (+2)
- Goiás (+2)
- Minas Gerais (+4)
- Mato Grosso (+2)
- Pará (+5)
- Paraná (+1)
- Rio Grande do Norte (+1)
- Santa Catarina (+5)
E os estados que perderiam:
- Alagoas (-1)
- Bahia (-1)
- Paraíba (-1)
- Piauí (-1)
- Rio de Janeiro (-2)
- Rio Grande do Sul (-1)
Falta de transparência
Apesar do impacto político e institucional, a Câmara dos Deputados não divulgou os cálculos ou critérios detalhados que justificaram a redistribuição final.
A reportagem tentou contato com o presidente Hugo Motta e com o relator do substitutivo aprovado, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
O mesmo ocorreu com o relator no Senado, Marcelo Castro, cujo gabinete também não respondeu aos questionamentos da Folha Z.
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