Tem palhaço e safado fazendo história
Os dois são cearenses, têm Silva no sobrenome e fazem sucesso exatamente por contrariar a expectativa criada sobre eles. Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, é um deputado federal assíduo e exemplar. Não brinca com o dinheiro público. Wesley Oliveira da Silva, o Wesley Safadão, é um cantor comportado e caseiro, bem distante do “1% vagabundo” que as fãs imaginam.
O veterano humorista de 50 anos e a nova estrela musical de 27 anos voltaram a se destacar em 2015 porque levaram suas profissões a sério. Olha a ironia. Autor da célebre frase “pior que tá não fica”, o parlamentar registrou 100% de presença em plenário e ainda apresentou projetos relevantes. Constrangimento zero para a Câmara Federal, ao contrário da péssima conduta do presidente Eduardo Cunha. “Não me orgulho de ser ficha limpa. Ser honesto não é nenhuma vantagem”, declarou Tiririca em dezembro.
Objetivo era o futebol
Já Wesley Safadão experimentou o auge da carreira no ano passado sem misturar as bolas entre o carisma do personagem e a vida pessoal. Diversificou o repertório, estabeleceu novas parcerias e o sucesso foi meteórico. Hoje o cantor nordestino está entre os cachês mais altos do mercado ao lado de Ivete Sangalo e a dupla Jorge & Mateus. Casado e pai de dois filhos pequenos, Wesley admite timidez, entretanto não deixa de frequentar shoppings e promover jogos de futebol beneficentes. “Meu maior sonho era ser jogador de futebol, virei cantor por acaso”, confidenciou.
Daí você deve estar se perguntando: o que torna as trajetórias de Tiririca e Wesley Safadão relevantes? “Quem vê cara não vê coração”, é a resposta mais objetiva. O primeiro foi eleito com o voto de protesto daqueles que sonhavam em avacalhar o Congresso Nacional de vez. O deputado optou por contribuir para a tentativa de moralização da classe política. Pode ter perdido a graça para alguns, porém mostrou personalidade e comprometimento público.
Página de exemplos
Já o sorridente Wesley rebola, usa e abusa do safadão no palco, na interpretação das músicas. Fora dele chega a ser careta, preocupado com a imagem correta que o público e seus familiares necessitam ter do cantor, do ídolo. Agindo desta forma, ele costuma atender praticamente todos os pedidos de autógrafos e selfies feitos pelos fãs, atitude que se assemelha muito ao comportamento do falecido cantor Cristiano Araújo.
Os intérpretes de “Florentina” e “Camarote” não são unanimidade, longe disso, mas estão escrevendo uma inusitada página de bons exemplos para quem sonha em seguir as carreiras política e artística. Caso não percam o foco no meio do caminho, Tiririca e Wesley Safadão poderão fazer com que os termos palhaçada e malandragem também rimem com dignidade e moralidade no futuro.
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