A greve dos garis, no Rio de Janeiro, terminou no fim da tarde deste sábado. A prefeitura anunciou o reajuste salarial de 37%, em vez dos 9% concedidos no início da semana. A greve durou 8 dias. Os garis se comprometeram a voltar a trabalhar imediatamente
”Mais de mil garis, em sua maioria negros, pais e mães de família, moradores das periferias e favelas do Rio, foram ovacionados no último sábado, 8, pelos cariocas em uma inesquecível passeata que começou na Prefeitura do Rio e tomou o centro da cidade como uma verdadeira onda laranja abolicionista.
Opinião #FolhaZ – Porque a primeira coisa que o Brasil precisa reconhecer é que a luta dos garis se ergue contra os resquícios de escravidão mais arraigados em nossa sociedade.
Foram sucessivas as tentativas de desqualificação do movimento grevista. Elas partiram tanto do executivo municipal quanto da mídia corporativa. Os fiéis representantes das posições mais conservadoras de uma elite tão escravocrata que é capaz de conviver com uma das mais aberrantes desigualdades econômicas de todo o planeta.
Resquício de DITADURA e resquício de ESCRAVIDÃO combinados dantescamente na mesma cena. Mas havemos de amanhecer, há esperanças e os garis são a prova! A luta dos trabalhadores da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) tocou o coração dos brasileiros e conquistou de imediato o apoio da população carioca que, emocionada, já vê como vitoriosa a luta protagonizada por eles.
Venceram o assédio desmobilizador da mídia
Venceram um sindicato pelego. Venceram a intimidação e as ameaças do prefeito. Venceram o assédio desmobilizador da mídia que insiste na ‘versão oferecida pelo patrocinador’ em detrimento de sua própria função social. Venceram o açoite do tronco e a mão opressora do chicote no lombo.
Quem viu os carros do Choque da Polícia Militar (PM) seguindo os caminhões de lixo, viu com os próprios olhos que a greve dos garis é um levante da senzala. É povo pobre, negro e trabalhador, inventando por si próprio este país que é seu. Não se pode perder a esperança num país em que os garis aproveitam o carnaval para derrubar os portões da senzala e sambar em cima do lixo, nas portas da Casa Grande.
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