Tropa jurídica
Mal tomou posse como líder do Democratas na Câmara, o amazonense Pauderney Avelino já tomou uma decisão: mandou compor uma verdadeira tropa jurídica na Liderança. Um grupo de seis deputados ficará focado em acompanhar todas as ações do governo e não é para orientar os parlamentares em relação aos projetos que chegam. É para recorrer à justiça e propor ações, mesmo, segundo Avelino. A ordem é não dar trégua, segundo ele.
Ordem da chefe
O próprio governo já avaliou que a ida da presidente Dilma Rousseff ao Congresso, para a cerimônia de abertura do ano legislativo não surgiu o efeito esperado. No entanto, as vaias que a presidente recebeu da oposição ainda não desanimaram os articuladores do Palácio do Planalto. Por isso o líder do Governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) recebeu uma ordem expressa da presidente: é preciso intensificar a reaproximação com a oposição e usar de todos os meios possíveis para atrair de volta os membros da base aliada, para evitar mais derrotas em plenário e para conseguir aprovar as medidas necessárias para retomada do crescimento econômico. A principal preocupação do governo no momento é com a aprovação da CPMF, cuja verba será fundamental para cumprir a meta de superávit primário. A informação foi dada pelo próprio líder do governo a este jornalista.
Defendem o chefe
Enquanto a bancada governista na Câmara ainda não conseguiu se recompor, para defender os interesses do governo e, mais precisamente, da presidente Dilma Rousseff, o mesmo não pode se dizer em relação ao ex-presidente Lula. Em reunião ministerial no início da semana foi pedido abertamente que todos os ministros e aliados saiam em defesa de Lula que, estaria sendo “vítima de perseguição”, segundo classificou o ministro Nélson Barbosa. O mais curioso vem do PT. O partido parece estar mais interessado em defender Lula do que sair em defesa da presidente Dilma e do governo que ainda vai administrar o Brasil por mais três anos, se o pedido de impeachment não for aprovado no Congresso.
Situação delicada
O Palácio do Planalto aguarda, com muita preocupação, o desfecho da situação do presidente do senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), investigado na operação Lava-Jato e cuja possibilidade de ter um pedido de cassação de mandato aprovado contra ele aumenta a cada dia. É que até agora, Calheiros tem atuado para jogar água fria na fervura do impeachment, inclusive dentro do PMDB da Câmara. A única coisa que tem aliviado um pouco a tensão, segundo uma assessora do Palácio, é o fato de Eduardo Cunha estar em situação delicada e estar perdendo a ascendência sobre os parlamentares a cada revelação de suspeitas de ligação com o escândalo da Petrobrás.
Azedou a relação
Por falar em Eduardo Cunha, pode-se dizer claramente que a relação entre ele e o ex-pupilo Leonardo Quintão (PMDB-MG) azedou de vez. Quintão, até então apoiado por Cunha para assumir a liderança da bancada do partido na Câmara, disse que foi traído pelo presidente, que tirou votos dele e que por isso passaria a poiar o até então adversário e líder do PMDB na Casa, Leonardo Picciani e Cunha não teria gostado. Teria reclamado que ele, sim, se sentiu traído por Quintão.
Perda de poderes
Já disse aqui em outra ocasião, mas agora, mais do que nunca, está se tornado visível a perda de poderes do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o controle que ele sempre teve sobre parlamentares do PMDB e de partidos menores. Além dos escândalos envolvendo o nome dele, a relação do parlamentar com os pares está chegando à beira da intolerância e isso tem afastado pessoas bastante próximas do gabinete, segundo um entristecido deputado do PMDB, que pediu para ter a identidade preservada.
José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia do CNT Jornal e apresentador da edição nacional do Jogo do Pode Notícias, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília. E-mail para esta coluna: [email protected]
Discussão sobre isso post