Há um ano atrás eu estava convicto de que 2013 havia sido um ano imbatível para os mobiles e que 2014 não conseguiria igualar. Felizmente me enganei. De janeiro para cá houveram dezenas de grandes lançamentos, surpresas e revelações. Jogos de altíssimo nível e para todos os gostos.
Aqui eu listo os meus dez melhores, um de cada gênero, para ressaltar o ponto forte da plataforma: Sua versatilidade. Completo a lista ainda com algumas menções honrosas e apontando o melhor dos melhores.
Melhor Puzzler: Monument Valley
Um puzzler que usa ilusões de ótica para fazer e desfazer estruturas de forma mágica e geometricamente impossível. É muito difícil descrever logicamente a experiência proporcionada por esse jogo, mas eu diria que é como se fosse uma versão interativa de M.C. Escher com um design soberbo, mecânica genial, trilha e efeitos sonoros impecáveis… É um deleite para os olhos, ouvidos e para o cérebro.
Melhor Jogo de Corrida: Pixel Boat Rush
Se trata de um jogo de corrida retrô sem curvas que, à primeira vista, parece se tratar de uma imitação de Tiny Wings, mas na prática é bem diferente. A mecânica é inteligente, o controle é simples, é divertido e possui objetivos variados. Se tivesse sido um jogo de Master System eu teria alugado muitas vezes.
Misturaram Zelda A Link To The Past, Diablo e Dark Souls e o resultado foi o melhor e mais difícil Action RPG não só do ano como dos últimos tempos. Não é atoa que foi eleito o melhor jogo do ano pelo Touch Arcade. Ele exige que você domine cada movimento de cada inimigo e explore seus pontos fracos para progredir e não ache que para passar é apenas decorar padrões: As fases são aleatoriamente geradas.
Melhor jogo de Estratégia: XCOM: Enemy Within
XCOM Enemy Uknown foi considerado por muitos, inclusive a Apple, um dos melhores jogos de iOS de 2013. No último mês de novembro ele foi substituído por XCOM: Enemy Within, expansão que, além de conter todo o conteúdo que consagrou o original como um dos melhores jogos de estratégia já feitos, acrescentou mais tudo. O gênero nunca esteve tão bem representado nos mobiles.
Melhor Jogo de Plataforma: VVVVVV
Os três quesitos fundamentais num jogo de plataforma são mecânica, level design e controle e VVVVVV é brilhante em todos eles. Sua criativa mecânica substitui o pulo pela inversão de gravidade (a imagem não está de ponta cabeça), que seu level design explora de forma genial e o controle oferece toda a precisão necessária para superar os desafios. Diversas outras escolhas de design perfeitas fazem dele uma obra prima, não é por acaso que foi o jogo de iOS com média mais alta no Metacritic: 95/100.
É um card game com regras simplificadas, em comparação a jogos como Magic, mas longe de ser superficial. As batalhas possuem profundidade e possibilitam inúmeras estratégias, fazendo com que a coisa vá muito além de ser apenas comprar mais packs que o adversário. E, por falar em comprar, não existe qualquer necessidade de gastar dinheiro real no jogo graças a algumas sacadas geniais da Blizzard, como os servidores sempre buscarem por adversários no mesmo nível que o jogador. Medida que garante o equilíbrio e inviabiliza o pay to win.
Foi uma brincadeira do estúdio Noodlecake que misturou Flappy Golf com Super Stickman Golf e que acabou dando certo. A jogabilidade de golfe com a mecânica de vôo funcionou muito bem e o objetivo de chegar ao buraco com o menos número possível de flaps deu a ele uma cara de puzzler baseado em física.
Melhor Point & Click: Broken Age
Broken Age possui cenários lindos, é bem animado, dublado por atores de primeiríssima qualidade, conta uma história bacana e bem escrita sobre amadurecimento… Tudo isso forma um universo agradável e gostoso de conhecer, explorar e experimentar. Sem contar que possui um final excepcional!
Melhor Jogo de Ação/Aventura: Monster Hunter Freedom Unite for iOS
Mais do que dar espadada em monstros, é preciso conhecer bem cada um deles, seus movimentos, seus sons e seus golpes, pois a derrota é garantida para quem não se movimentar, atacar e defender corretamente. E, além disso, é preciso conhecer os cenários, as armas, as plantas, as matérias prima, as armadilhas, os itens… É um jogo diferente por exigir habilidade e aprendizado e exigir que se obtenha o máximo de tudo que você puder usar a seu favor. É um jogão e a versão mobile além de gráficos melhorados ainda possui um bem vindo modo multiplayer cooperativo.
Melhor Aventura Gráfica: The Wolf Among Us
Baseado nas HQs “Fábulas” da Vertigo, o jogo traz personagens que saíram dos contos de fadas e que agora levam uma dura e decadente vida clandestina no mundo real. No papel do xerife Bigby Wolf, tentamos estabelecer a ordem num lugar à beira do caos e enfrentamos batalhas emocionantes, diálogos memoráveis, suspense, surpresas, escolhas duras… Uma verdadeira montanha russa.
Menções Honrosas
FTL: Em 2014 o clássico indie FTL finalmente realizou sua passagem do PC para o iPad. E não só já chegou com a expansão Advanced Edition como ficou ainda melhor em touch screen do que com mouse.
Card City Nights: É um card game casual e levíssimo em termos de regras com uma descontraída trama meio Pokemon e desenhos meio Cartoon Network. É um jogo fácil, mas muito divertido e 100% premium.
Framed: É uma história em quadrinhos noir embalada por jazz e reviravoltas, onde você altera os acontecimentos mudando a ordem dos quadros. Um jogo curto, porém muito inovador e bem feito. Hideo Kojima, ninguém menos que o criador de Metal Gear, o definiu como o melhor jogo que ele jogou em 2014 sem qualquer dúvida.
Final Fantasy VI: Não é apenas o port de um dos melhores RPGs já feitos, mas um port muito bacana. Essa versão traz, entre outras coisas, gráficos renovados (mantendo a essência 2D) e um sistema de dicas para jogadores mais casuais.
Helix: Um jogo arcade com trilha sonora e gráficos que unem o esquisito e o psicodélico e fazem uso de uma mecânica inteligente e muito bem adaptada ao touch screen. É como se fosse um jogo de nave estilo shoot ‘em up em que você em vez de atirar nos inimigos, os circula.
The Banner Saga: Além dos belos desenhos estilo Disney das antigas, esse game resgatou o então esquecido gênero RPG Tático. E ainda traz uma trama envolvente baseada em mitologia nórdica que é guiada pelas escolhas que o jogador faz.
Retry: Jogo casual que possui certas semelhanças com Flappy Bird, porém é executado de forma muito mais interessante. O controle é muito simples, mas propositalmente muito difícil de dominar. Você tem o controle apenas o suficiente para tornar o game frustrante de uma forma divertida.
Soccer Physics: Foram lançados muitos jogos para jogar com um ou mais amigos na mesma tela, mas nenhum tão divertido quanto esse. É um futebol anarquicamente maluco com controle imprevisível beirando o incontrolável que constantemente resulta em situações hilárias e absurdas.
Dito isso, chegou o momento de selecionar um único jogo como o melhor do ano. A minha escolha foi feita com base não só na minha experiência com ele como também no retorno que li dos meus amigos, de gamers, não gamers, crianças, mídia especializada, críticos, desenvolvedores… E ainda mais por ser 100% exclusivo dos mobiles, por representar a inovação e a criatividade e fazer uso impecável do touch screen.
O jogo que eu elejo como o melhor dos mobiles de 2014 é…
<começa a tocar o refrão de We Are The Champions>
Monument Valley! Parabéns ao estúdio UsTwo que conquistou praticamente tudo que poderia ser conquistado, chegando a concorrer a prêmios com jogos de console e, em alguns casos, sair vencedor. Esses caras mantiveram a arte e a qualidade o tempo todo em primeiro lugar e não só superaram o sucesso estrondoso que DEVICE 6 fez no ano passado como alcançou (e marcou) a um público muito mais abrangente.
Você pode estar estranhando a ausência de lançamentos recentes como Tales From The Borderlands e Papers, Please, mas eu deixei os jogos de dezembro para o Top 10 dos melhores de 2015. Foram tantos jogos em um período tão curto que foi impossível para mim acompanhar.
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André Garcia é escritor, poeta, membro da Academia de Artes de Cabo Frio e (mobile) gamer
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