Todo cuidado é pouco nas viagens por aplicativo
Acabo de ler a impressionante história de *Larissa, 32 anos, estuprada por motorista de aplicativo em São Paulo. Sua agonia me incentiva a abordar um tema tão delicado para a sociedade.
O mesmo drama foi vivenciado por uma professora de Osasco (SP). Sob ameaça de arma, sofreu violência sexual numa residência e depois devolvida ao local de origem da viagem. O estuprador lhe entregou R$ 20.
Não há registros oficiais no Brasil sobre o número de crimes sexuais cometidos em táxis e aplicativos. Isso para efeito de comparação, afinal apenas alguns Estados registram os casos com precisão discutível.
Nada distante da realidade apontada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Ele destaca, numa perspectiva otimista, que 65% dos estupros não são denunciados à polícia.
Culpa
*Larissa foi vítima, tenta se reerguer como mulher e ser humano, mas o sentimento de culpa é dilacerador. “Eu não deveria estar ali…” ; “Eu não poderia ter bebido…” são frases que machucam e atormentam.
Quem nunca recorreu a um motorista de aplicativo depois de jantar com amigos no embalo de algumas garrafas de vinho? O mundo compreensivo e respeitoso, entretanto, não nos pertence.
Percebendo a oportunidade, o motorista ofereceu água à Larissa – bem provável com algum tipo de entorpecente – e a violentou por horas. Desde então a mulher é puro choro e lamentação.
Sanidade mental
Sou usuário assíduo de aplicativos e já escutei inúmeras histórias do gênero, mas com outros desfechos. Tudo se resume, com raras exceções, ao comportamento das mulheres e à sanidade mental dos homens ao volante.
Sem rodeios, os motoristas relatam os casos mais comuns: passageiras que dormem no banco traseiro em condições constrangedoras, as que se oferecem no próprio carro para não pagar a corrida e as que convidam objetivamente para um relacionamento sexual.
Certa vez, *Gilberto me disse que “é preciso resistência acima da média para ignorar algumas investidas e não acreditar que todas as mulheres pensam da mesma maneira”.
*Milton admitiu que “muitos colegas não possuem experiência, estrutura psicológica suficiente e acabam entrando em parafuso, confundindo trabalho com filme pornográfico”.
Mercado paralelo
*Larissa, infelizmente, caiu nas mãos de um falso motorista de aplicativo com o único propósito de satisfazer a sua mente doentia. O mesmo ocorreu com a professora de Osasco e milhares de outras mulheres país afora.
E não dá para acreditar cegamente na pontuação dos motoristas porque já foi descoberto um mercado paralelo de comercialização de perfis para enganar os usuários.
Existem somente duas regras para o universo feminino: evite, se possível, utilizar o aplicativo sozinha e desconfie até da própria sombra.
O inimigo pode estar ao lado.
(*Nomes fictícios)
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