“Eu não tinha nem ideia do que era Natal em família”. A frase é do garoto Vinícius, 15 anos, recém adotado por uma família paulista.
O caso ganhou destaque na mídia (Folha de S. Paulo) e chama atenção pelo desfecho positivo.
Vinícius não saía do abrigo onde morava, revelando certa descrença no futuro. Sequer era convidado por voluntários para passar o Natal em suas casas.
Foi escolhido por uma imagem, à distância, e o destino tratou de harmonizar a relação com sua nova família – pai, mãe e 2 irmãos. Algo raro.
A adolescência é um dos períodos mais conturbados para a conclusão de todas as etapas da adoção.
Proporcionalmente há muito mais chance de erro do que de acerto. As partes envolvidas carregam expectativas e frustrações que dificultam a convivência.
Trauma
Preservando a identidade dos envolvidos, vou relatar um caso de extrema infelicidade. O lado mais comum nessa faixa etária, oposto do que ocorreu com Vinícius.
Teve um pai de família, bastante religioso, que agilizou os papéis da adoção de um menino de 13 anos. Até o quarto já estava preparado.
Desistiu, inesperadamente, depois que membros da igreja que ele frequenta desconfiaram de atitudes que desabonariam o adolescente.
Poucas explicações e um relacionamento de meses desfeito em poucos minutos. Até os filhos do religioso já chamavam o garoto de irmão. Restou o trauma.
Avalie bem as duas histórias e reflita bastante se o seu desejo, um dia, é adotar um adolescente.
Finais felizes só acontecem depois de muita convivência, confiança e desprendimento.
Se isso não estiver claro na sua cabeça, evite brincar com os sentimentos de quem já enfrenta o abandono e a solidão.
O sorriso do garoto Vinícius é um ponto fora da curva no universo da adoção tardia.
Acirramento político diminui e o espírito natalino agradece
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