Política e a arte de esconder $$ em casa
A divulgação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que 24 candidatos a prefeito nas capitais declararam ter, em espécie, R$ 4,5 milhões nas suas residências – o chamado dinheiro de colchão – provocou lembranças sobre as peripécias de um tradicional político goiano, hoje aposentado. Assim como Marta Suplicy (PMDB) com R$ 120 mil em SP e Cláudio Silva (PP) com R$ 800 mil em Salvador, o ex-parlamentar tinha como hábito guardar grandes quantias no guarda-roupa de sua casa, no setor Jaó. Pra não chamar atenção, evitava cofres ou caixas de papelão.
Certa vez, conta o político, sua empregada doméstica, de total confiança, decidiu mudar-se de Goiânia para o interior com os filhos. Havia um acordo entre eles de que a arrumação do guarda-roupa era tarefa restrita do casal, uma forma de “manter acesa a chama do amor e da cumplicidade no relacionamento”. Se a antiga funcionária acreditou na ladainha, a novata quase caiu de costas ao encontrar maços e maços de dinheiro em paletós, calças, camisas e meias.
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Maria (nome fictício) correu até a patroa e foi logo comentando: “Seu marido deve gostar muito da senhora. Nunca vi tanta prova de amor”, disse em meio a gargalhadas. A brincadeira não foi bem digerida pelo político. Além de acertar as contas com a empregada antes do prazo, ele foi obrigado a mudar de estratégia: construiu um fundo falso na casa do cachorro da família, um pastor-alemão. O ex-parlamentar preservou seus R$ 500 mil por dois anos até mudar-se para um condomínio fechado. “A discrição canina não tem preço”, brinca até hoje.
Além das tradicionais mochilas, pastas e sacolas, torna-se importante recordar que já foram encontradas em Goiás grandes quantias de dinheiro em ferro elétrico, geladeira e fogão à lenha. Uma clara demonstração de que não há limite para a criatividade humana quando o objetivo é camuflar recursos provenientes da atividade pública. Resta a pergunta final: onde estarão armazenados os R$ 4,5 milhões, em espécie, declarados oficialmente por 24 candidatos a prefeito nas capitais brasileiras? Haja imaginação!
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