Neste período do ano os moradores da região norte de Goiânia, mais especificamente nas proximidades da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), convivem com um mau cheiro insuportável. Daqueles que embrulham o estômago e provocam ânsia de vômito. Odor semelhante toma conta da sede da Saneago, no Jardim Goiás, desde 2014.
Pressentindo ação policial na empresa, que culminou na Operação Decantação, servidores efetivos utilizavam expressões idênticas aos colegas da Agetop antes da Operação Compadrio se tornar pública: “A casa vai cair a qualquer momento. São muitos interesses reunidos num só endereço”, desabafava um funcionário da área operacional da Saneago.
“É negócio do governador…”
Ele abastecia o carro na Avenida Fued Sebba e olhava para a sede do Ministério Público de Goiás, imaginando que a investigação viesse de lá. Mal sabia o auxiliar que o buraco era bem mais profundo, cavado inicialmente com o desvio de recursos federais da ordem de R$ 4,5 milhões e monitorado, desde o término da eleição, por interceptações telefônicas nos aparelhos dos seus superiores.
Um dos grampos flagra o empresário José Césario Lopes (Gráfica Moura) cobrando R$ 200 mil do presidente da Saneago José Taveira Rocha – agora afastado. “É negócio do governador. Da campanha”. Diante das fortes evidências de falcatruas e do envolvimento de pessoas que privam do convívio particular do governador – leia-se auxiliares e empresários – Marconi Perillo e seu vice José Eliton sumiram do mapa.
Marconi com faca nos dentes
Assim como ocorreu em momentos delicados da Operação Monte Carlo, a dupla está treinando justificativas com profissionais capacitados – e muitíssimo bem remunerados – das áreas jurídica e de comunicação. Marconi voltou a colocar a faca nos dentes, batendo no peito e garantindo que vai dar a volta por cima mais uma vez. Um recado curto e grosso para assessores que ainda duvidam, como há quatro anos, da sua capacidade de superação em momentos delicados.
O agravante, desta vez, é que o governador foi atingido pela terceira megaoperação em quatro anos: Monte Carlo, Compadrio e Decantação. Sem falar nos tentáculos da Lava Jato que insistem em rodeá-lo. Está fragilizado moralmente e politicamente. Já não é mais temido como antes. Seu café começa a esfriar e as ordens deixaram de provocar calafrios. Marconi, hoje, é refém dos acordos políticos e financeiros que lhe garantiram o terceiro e o quarto mandatos. O cheiro inigualável da vitória foi trocado pela fedentina na Saneago, um legítimo esgotão a céu aberto em Goiás.
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