Filiado ao PT desde os 14 anos, Tayrone di Martino tem uma longa história dentro do partido. Como vereador, o político ajudou a prefeitura com votações a favor de vários projetos, como a venda de áreas públicas, mas agora foi eleito vice-presidente da Câmara Municipal na chapa da oposição.
As votações nem sempre a favor da população goiana são explicadas pelo parlamentar, que garante que se manifestava internamente contra, apesar do voto favorável. Porém, a gota d’água veio com o projeto de aumento das alíquotas do IPTU e ITU.
“Eu estava perdendo a vontade de fazer política porque tinha sempre que me posicionar em prol do partido. Votei contra um projeto, fui perseguido por isso e o partido se voltou contra mim a pedido do prefeito”, explicou o parlamentar. Na época candidato a vice-governador na chapa de Antônio Gomide, Tayrone foi suspenso por 60 dias e mostrou toda a sua indignação. “Onde já se viu um partido suspender um candidato da chapa majoritária por causa de um projeto que foi votado às pressas e sem valores exatos?”, questionou.
Apesar de discordar do reajuste do IPTU, Tayrone concorda que a prefeitura precisa de recursos, mas, acredita que, primeiramente, o município precisa enxugar a máquina pública, diminuir o número de comissionados e de secretarias, erradicar a corrupção e acabar com os gastos supérfluos. “Posteriormente, a gestão municipal terá que fazer as obras necessárias e melhorar serviços como iluminação pública, asfalto, saúde e coleta de lixo. Só assim a população entenderá o reajuste e verá o dinheiro ser aplicado em benfeitorias”, frisou.
Paulo Garcia
Considerando-o seu algoz, Tayrone diz não ter mais diálogo com Paulo Garcia e admite que o prefeito se perdeu no poder por ter sérios problemas. “Paulo é bem intencionado e quer fazer uma boa gestão, porém, ele não aceita questionamentos, não ouve ninguém, não tem capacidade administrativa e, consequentemente, os secretários fazem o que querem”, disparou.
Apesar da situação, o vereador não demonstra raiva de Paulo Garcia e torce para que o prefeito consiga resolver os problemas da cidade. “Paulo ainda tem chance, tempo e alguns bons projetos que podem ajudá-lo nessa reta final de governo. Ele só não tem planejamento.”
Câmara e eleições
Em um dos poucos momentos em que se manteve em silêncio após uma pergunta, Tayrone di Martino admitiu que aceitaria ser presidente da Câmara Municipal e foi contundente ao afirmar que faria um bom trabalho. A respeito de Clécio Alves (PMDB), atual mandatário da casa, o vereador não poupou críticas e afirmou que a Câmara deixou de fazer grandes e importantes debates.
Ao entrar no tema eleições e já com o pleito de 2016 em discussão, a má gestão do PT frente à prefeitura de Goiânia faz Martino considerar muito difícil o partido colocar um nome na disputa. “Hoje, Paulo Garcia é refém do PMDB na Câmara Municipal e eles vão ter um nome para 2016; nós não. Já se cogita outra candidatura de Iris Rezende”, ponderou o vereador.
Polêmica Jayme Rincón
Após a suspensão e consequente renúncia de Tayrone di Martino, a grande polêmica do período eleitoral foi a declaração do prefeito Paulo Garcia de que o vereador petista estava “fechado” com Jayme Rincón, presidente da Agência Goiana de Obras (Agetop) e braço direito do governador Marconi Perillo (PSDB). Ao demonstrar certo espanto e nervosismo com o assunto, Tayrone se defendeu de forma contundente.
“Paulo Garcia sabe da minha seriedade. Essa é a pior de todas as irresponsabilidades. Cada um fala o que quer, mas responde também pelo que fala. Creio que Marconi não gastaria dinheiro com um vice para vencer a eleição”, ratificou Tayrone ao garantir que não está na vida pública para ganhar dinheiro. “Estou para ajudar na transformação da sociedade”, concluiu.
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