Editorial da Rádio 730, veiculado na terça-feira, 19, aponta que as autoridades de Goiás, em especial as do governo estadual, se atolam num tempo de homens molengas, frouxos.
O editorial, ouvido por milhares de pessoas, afirma que o governador Marconi está irreconhecível.
Em um trecho diz: “Parece um petista de tão moloide. Em vez de o aprimorar, o tempo o adocicou e as formigas estão aproveitando. O Marconi decidido ficou no passado. O novo Marconi tolera índices avassaladores de violência. Dez goianienses são assassinados num fim de semana e o governador não toma providência”.
Leia na íntegra o editorial produzido pela Rádio 730
A frouxidão das autoridades parecia ter atingido o cúmulo, mas fez igual à Assembleia: desceu ao fundo do poço e continuou cavando. Nesta segunda-feira, integrantes da Polícia Civil tomaram o Plenário do Legislativo. Não podiam estar em local mais apropriado. É um desrespeito ao poder, mas sintetiza o que Goiás tem vivido. Um sindicato clandestino de professores ocupou o Plenário da Câmara de Goiânia e obteve a leniência das autoridades. Vereadores, secretários municipais e o prefeito Paulo Garcia se mostraram fracos e os invasores permaneceram na Câmara enquanto quiseram. Desobedeceram, inclusive, a ordem judicial. Não houve qualquer retaliação à desobediência e ficou o incentivo à bagunça. Um dos frutos da desordem é a contaminação.
O momento é ideal para o avanço da fuzarca porque Goiás se atola num tempo de autoridades molengas. O delegado-Geral da Polícia Civil, João Carlos Gorski, e o secretário de Segurança, Joaquim Mesquita, estão levando um baile dos grevistas. O problema é que quem dança é o povo. O índice de resolução de assassinatos já foi de 75%; atualmente, não chega a 5%. E quem não apura, em vez de ser demitido ou ter redução de vencimentos, está paralisado há 70 dias e vai receber o segundo melhor salário do Brasil. Por isso, a balbúrdia continua: dá lucro político a seus líderes e desmoraliza os chefes.
Paulo Garcia foi xingado pelos grevistas, apanhou quieto e virou perdedor. Esse é o caminho escolhido pelo governador Marconi Perillo? O governo, em vez de resposta enérgica a quem o ameaça, ofereceu aumento para R$ 6 mil nos salários mínimos de agentes e escrivães. Com os penduricalhos, o menor contracheque da Polícia Civil vai ser de quase R$ 9 mil. Como a baderna resulta em vitória para quem a promove, esperam-se novas movimentações de categorias. Em doze meses, agentes e escrivães fizeram três greves. Seria justo que até as eleições parassem os servidores da saúde, da Educação e das fiscalizações, as três classes vitais para o Estado.
O Marconi decidido ficou no passado
Marconi está irreconhecível. Parece um petista de tão moloide. Em vez de o aprimorar, o tempo o adocicou e as formigas estão aproveitando. O Marconi decidido ficou no passado. O novo Marconi tolera índices avassaladores de violência. Dez goianienses são assassinados num fim de semana e o governador não toma providência. Aliás, toma, sim: manda para a Assembleia ocupada um projeto aumentando o salário de quem fracassa na investigação dos crimes. Com isso, Marconi subverte a teoria do mérito: quanto mais incompetente, mais robusto o contracheque.
O novo Marconi desistiu de unificar as polícias e sustenta três. Partiu as secretarias em duas e ambas são um fiasco: a pasta de Segurança não controla as polícias, não combate o banditismo e perdeu tanto território que até a sala do secretário foi afanada por ladrões; a Secretaria de Justiça prefere fingir que manda nas celas dominadas pelos detentos, seja na penitenciária, na Casa de Prisão Provisória e nos nazistas cárceres de delegacias.
Os goianos elegeram Marconi supondo que ali estava o gestor corajoso, não um que mia acuado
Com o Poder Legislativo apodrecido e o Executivo débil, sobra para a sociedade aguentar o tranco. Os goianos elegeram Marconi supondo que ali estava o gestor corajoso, não um que mia acuado quando vê cara feia de sindicalista. Marconi sabe que os policiais querem trabalhar e consideram exageros as constantes paralisações e absurdas as reivindicações. Agentes e escrivães são pessoas de respeito, vocacionadas para servir e proteger. Mas o governador, o secretário de Segurança e o delegado-Geral da Polícia Civil preferem se ajoelhar diante de pseudolideranças. Os próprios integrantes da categoria acham abusivas as paralisações e aceitam voltar por bem menos. Como João Carlos Gorski não manda em nada na polícia, o problema sobrou para Joaquim Mesquita. O secretário também não resolveu e a solução cabe a Marconi.
O ideal é que o novo Marconi não se curve diante dos velhos métodos de sindicalistas. Se fizer o que os líderes grevistas querem, vai comprometer ainda mais o orçamento e estimular a invasão de prédios públicos. Primeiro foi a Câmara. Agora, a Assembleia. O próximo pode ser a sede do governo. Palácio Pedro Ludovico, aí vão eles…
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