O promotor federal argentino Alberto Nisman, achado morto na noite desse domingo, 18, foi encontrado pela sua mãe, que, após tentar entrar em contato com ele no período da tarde, recorreu a um chaveiro para abrir a porta do apartamento do filho, no 13º andar de um edifício do bairro Puerto Madero, em Buenos Aires, segundo informações da Justiça do país.
A mãe encontrou o filho baleado, com uma arma de pequeno porte ao seu lado, de calibre 22.
Antes de morrer, Nisman aparecia com destaque na imprensa argentina porque, na última quarta-feira, 14, formalizou uma denúncia contra a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e o chanceler Héctor Timerman por supostamente terem negociado um plano para garantir impunidade e acobertar fugitivos iranianos, referindo-se aos acusados do ataque terrorista contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) em 18 de julho de 1994, que deixou 85 mortos e mais de 200 feridos. O promotor também suspeitava de participação do governo iraniano e do grupo Hezbollah no atentado.
Denúncia ao Congresso
Nisman iria apresentar os detalhes da denúncia ao Congresso argentino na tarde desta segunda-feira. A documentação foi encontrada sobre a mesa de seu escritório. As autoridades ainda não informaram oficialmente qual parte do corpo do promotor foi baleada, mas, segundo o jornal Clarín, o alvo foi a cabeça. A primeira tentativa da mãe de entrar em contato com o filho ocorreu após ter sido alertada pelos policiais responsáveis por sua custódia, que ligaram várias vezes para o telefone do promotor, todas sem sucesso.
A presidente e seu chanceler tomaram a criminosa decisão de fabricar a inocência do Irã para saciar interesses da República da Argentina, escreveu Nisman em documento enviado à Associated Press. O promotor argumenta que a cúpula do governo Kirchner negociou e organizou com Teerã um sofisticado plano para acobertar participantes do atentado.
Nisman tinha 51 anos e, há 10 anos, foi indicado pelo ex-presidente Nestor Kirchner para investigar o caso. Nestor, que morreu em 2010, era marido de Cristina.
Agência Estado
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