A fama ganha pelo trabalho na Polícia Federal conduziu o delegado Protógenes Queiroz a um cenário contraditório. Se, por um lado, está afastado da atividade policial, como punição, por outro teve a aclamação das urnas, que o levaram a ser deputado federal
Da redação
O delegado Protógenes Pinheiro Queiroz (PC do B de São Paulo) ficou conhecido em todo Brasil pelas investigações feitas em casos de grande repercussão. A fama ganha pelo trabalho na Polícia Federal (PF) conduziu Protógenes a um cenário contraditório.
Protógenes é baiano. Ele ingressou na PF em 1998. Formado em Direito, atuou na advocacia e também foi procurador-geral do município de São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Ele ficou conhecido nacionalmente pelas investigações envolvendo o doleiro Naji Nahas, o banqueiro Daniel Dantas e ainda o caso do Corinthians com a MSI.
Se, por um lado, há três anos está afastado da PF, como punição, por outro teve a aclamação das urnas, que o levaram a ser deputado federal. Em entrevista ao conceituado jornal Tribuna do Norte, de Natal (RN), o parlamentar confessa que, logo ao chegar à Câmara, alguns colegas o viam com desconfiança, afinal deputados federais também tinham sido investigados por ele.
Gosto pela política
O delegado ganhou gosto pela política e traz um tom de idealismo em mudar a situação do Brasil. “Como muitos brasileiros eu nunca acreditei na política. Vim ter a percepção de que política é o principal vetor de transformação social e desenvolvimento do País a partir do momento em que me vi afastado do meu trabalho técnico, aquele trabalho que a princípio achava que dava resultado para o País”, destaca.
Segundo ele, a negativa do reingresso na polícia que lhe levou para política. “A população queria que eu continuasse dentro da PF combatendo o crime organizado, o desvio de recurso público, a corrupção. Isso não foi mais possível porque em razão de vários procedimentos administrativos instaurados contra mim. Eu coleciono mais de 30, são 32 processos no total. Sou o policial federal mais processado em toda história da PF”, afirma Protógenes.
Daniel Dantas
De acordo com o deputado, ele acumulou inúmeros processos depois que prendeu o banqueiro Daniel Dantas, em uma operação da PF, por desvio de dinheiro público e crimes financeiros.
Questionado se sente-se injustiçado ele respondeu: “Não. Eu sou produto de um sistema dominante, um sistema ainda muito comprometido com muitos atos de corrupção”. Para ele o povo soube dar o troco ao o conduzir para o Congresso Nacional com mandato de deputado federal.
100% corrupto
Protógenes é categórico ao afirmar que o Congresso não é 100% corrupto. Segundo ele, há pessoas sérias que querem transformar o País. “O primeiro sinal disso é a renovação do congresso em quase a metade. Muitos políticos deixaram a desejar por isso a população colocou novos parlamentares e eu faço parte desses novos deputados que querem mudar o Brasil”, salienta.
Maluf
O deputado disse que o País está mudando. “O processo de transformação ainda é lento. Porém, há sinais de mudança. Por exemplo, no passado, um banqueiro desse (Daniel Dantas) não seria jamais investigado. Quando eu comecei a investigar ele tinha mais de 20 investigações arquivadas. Se investiguei por cinco anos e houve a condenação dele, foi preso, ainda que por pouco tempo, isso significa que o País está mudando. No passado, tivemos a prisão do Paulo Maluf que ficou preso por 40 dias”, afirma.
Indagado sobre a convivência com o deputado federal Paulo Maluf, no qual Protógenes já o investigou e chegou a prendê-lo em uma das operações ele disse, “Somos cordiais um com o outro e mantemos distância porque é até um desconforto para ele muito grande. Para mim não porque cumpri o meu papel”, destaca Protógenes.
Nos 12 anos de PF, o delegado nunca falhou em nenhuma operação policial. “Recuperamos milhões de dólares para o País, fizemos prisões de gente importante, nem organismos internacionais chegaram a prender alvos que a gente prendeu no Brasil. Demonstra que o trabalho é de qualidade e responsabilidade, de praticar uma polícia de Estado, que proteja interesses nacionais”, frisa.
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