Em 16 de outubro passado, comentei neste espaço que o brasileiro é duro na queda por sobreviver, em média, com 413 reais por mês.
Essa é a realidade para 104 milhões de pessoas (50%) em todo o país. Outras 10,4 milhões (5%) se viram, se isso é possível, com 51 reais.
Volto ao tema para constatar, infelizmente, que a terrível desigualdade de renda entre ricos e pobres tende a aumentar ainda mais.
Economia fraca, pouco dinheiro no bolso e 12 milhões de desempregados contribuíram para o aumento do número de ambulantes informais vendendo alimentos.
Qualquer um enxerga a variedade do cardápio nas ruas: espetinho, sanduíche, jantinha, frango assado, salgadinho, salada light e doce pra todo lado.
Até produtor rural passou a vender iguarias da roça em sinaleiro, expostas na carroceria da caminhonete.

Sobrevivência
O crescimento de ambulantes informais voltados para alimentação no Brasil, no período entre 2015 e 2019, foi de 510% – de 78,4 mil para 478,3 mil.
Sim, a necessidade extrema tem pavimentado o caminho da sobrevivência em direção ao estômago do próximo.
Quem se vê obrigado a abdicar da refeição é o próprio ambulante. Geralmente para manter a condição de quitar dívidas e comprar remédios.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), supervisionada pelo IBGE, mostra-se cirúrgica ao apontar o tamanho do buraco negro em que a maioria dos brasileiros está inserida.
Enquanto isso, a discussão dominante é o aumento do limite de saque do FGTS de 500 reais para 998 reais a fim de “esquentar” a economia. Ou seja, um pingo no oceano de desilusões.
Mas como não há limite para o otimismo e esperança do brasileiro, recorro à letra do cantor Ivan Lins para lembrar que nada está perdido:
“Desesperar, jamais.
Aprendemos muito nestes anos.
Afinal de contas, não tem cabimento.
Entregar o jogo no primeiro tempo…”
Desafio gigantesco. Segue o jogo.
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