Nas últimas semanas ganhou notoriedade na imprensa mundial o atleta paraolímpico Oscar Pistorius, pelo fato de ele provavelmente ser o assassino de sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp, australiana como ele, morta a tiros. O caso ganhou repercussão por Pistorius ter sido alçado a celebridade mundial após se tornar o primeiro atleta biamputado a disputar uma Olimpíada.
Nem perto dos mesmos holofotes
Não foi diferente no Brasil. A imprensa deu espaço e estardalhaço ao escândalo. Só que no mesmo Brasil outro caso envolvendo uma personalidade olímpica não chegou nem perto dos mesmos holofotes: o hoje vereador de São Paulo Aurélio Miguel (PR), ganhador da primeira medalha de ouro da história do judô brasileiro (Seul, 1988), foi denunciado por recebimento de propina. O “herói olímpico” — expressão louvada pela mídia nacional — teria facilitado, em troca de R$ 640 mil, a redução de uma taxa da prefeitura ao Shopping Pátio Paulista.
Abafar caso brasileiro?
Por que a imprensa brasileira investiu tanto contra Pistorius e nem tanto contra Aurélio? Queriam abafar o caso do brasileiro? Provavelmente não, já que ele, além da própria imagem que construiu (e com esse caso, destruiu em parte), não tem tanto poder assim. Houve um desinteresse porque o escândalo é “comum”, apesar da gravidade — um ídolo, querendo ele ou não, vira figura exemplar.
Aurélio deve sua primeira eleição, em 2004, à fama. As reeleições, com o caso exposto e o patrimônio adquirido, talvez deva a outras pessoas menos focadas em seu passado e mais interessadas em sua utilidade no presente, como político “maleável”.
(Elder Dias/ Opção)
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