Na semana em que os indicadores apenas confirmaram o desastre econômico de 2016, chegou a hora de definir o que queremos. Olhar pra trás, só para aprender com os erros e planejar novos acertos. Longe do otimismo tolo e do pessimismo chato, o melhor mesmo é ser “um realista esperançoso”, como escreveu Ariano Suassuna.
Os números sinalizam que o início de uma recuperação pode estar próximo. O Banco Central anuncia inflação no centro da meta para 2017 e projeta uma Selic abaixo de dois dígitos em dezembro. A PEC dos gastos foi promulgada pelo Congresso e os saques do FGTS darão um estímulo à economia.
Se confiança é a palavra de ordem – empresários não investem sem segurança e o trabalhador não compra com medo de perder o emprego – as discussões sobre as reformas previdenciária e trabalhista ajudam a dar fôlego para o ciclo de retomada. A primeira tem papel no ajuste das contas públicas. A segunda vai desatar amarras de uma legislação septuagenária, criada em plena ditadura do Estado Novo que não privilegia a negociação coletiva e o diálogo social.
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No bojo das reformas visando mais segurança e retorno da confiança, nossos legisladores precisam colaborar não criando matérias que burocratizam o processo. Para que serve uma lei, como a que foi sancionada esta semana, obrigando o comércio a expor o histórico de preços dos produtos em liquidação? Exemplo de matéria não dialogada com os empresários que parece defender o consumidor, mas que no fim o prejudica. O custo de um funcionário para levantar e manter o histórico será repassado ao cliente.
Para girar a roda do crescimento precisamos separar a economia dos interesses que geram a crise política. Com vistas em tonificar a confiança visando à melhoria do ambiente de negócios e sem interferir no serviço de “saneamento básico” prestado pela Lava Jato, nossas instituições devem ser grandes o suficiente para que as políticas econômicas não fiquem reféns das políticas partidárias. Sem a égide de uma República forte, o risco de ficar à mercê de quem está no poder afasta quem deseja e pode colocar capital não especulativo no Brasil.
O setor produtivo está pronto para voltar a investir. Mas exige sinais claros de que nossos governantes estão comprometidos com a sustentabilidade econômica. Parece que batemos no fundo do poço, mas a boa notícia é que estamos ganhando força para começar a subir.
Por José Carlos Palma Ribeiro – Presidente do Sindilojas Goiás
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